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#Política: Lula critica sanções dos EUA e defende democracia em discurso na ONU

Lula discursa na abertura da Assembleia-Geral da ONU | FOTO: Ricardo Stuckert/PR |

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta terça-feira (23), o discurso de abertura da 79ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Em sua fala, Lula criticou as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e alertou para o crescimento do autoritarismo no cenário internacional.

“O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder, atentados à soberania e sanções arbitrárias. Intervenções unilaterais estão se tornando regra”, declarou Lula.

O presidente afirmou que há uma relação direta entre a crise no sistema multilateral e a fragilidade das democracias no mundo. “O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas”, disse.

Lula destacou que, mesmo sob ataques, o Brasil tem resistido e reforçou o compromisso do país com a defesa da democracia. “Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais”, afirmou.

Sanções e tensões diplomáticas

Lula se referiu às recentes sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros importados. Além disso, criticou a tentativa de interferência no Judiciário brasileiro, em especial no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.

Em julho, o governo norte-americano aplicou a chamada Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. Essa legislação permite aos EUA punirem, de forma unilateral, pessoas ou entidades acusadas de violação de direitos humanos, incluindo o bloqueio de bens e empresas em território americano.

O Planalto informou ainda que os Estados Unidos cancelaram os vistos de diversos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin.

Na última segunda-feira (22), a tensão diplomática aumentou após Washington anunciar sanções à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes. O governo brasileiro repudiou a decisão, classificando-a como uma agressão direta à soberania nacional. “O Brasil não se curvará a mais essa agressão”, afirmou em nota oficial.

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