A recente portaria do Ministério da Educação (MEC) que autoriza o uso de notas de até três edições anteriores do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no sistema de seleção para universidades públicas gerou forte reação entre estudantes que farão o exame deste ano, marcado para os dias 9 e 16 de novembro.
De acordo com o MEC, o objetivo da medida é ampliar as oportunidades de ingresso no ensino superior e dar mais flexibilidade a quem já realizou o exame e deseja tentar novamente uma vaga pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada). No entanto, muitos candidatos consideraram a decisão injusta e pedem sua revogação.
Nas redes sociais, críticas se multiplicaram. Um abaixo-assinado hospedado no site Change.org já reúne mais de 30 mil assinaturas contra a portaria.
“Acredito que essa mudança é injusta e elitista, favorecendo aqueles que tiveram condições de se preparar e realizar o exame em múltiplos anos e penalizando aqueles que, por diversas razões, têm que depender da nota de um único ano”, afirma o texto da petição.
Anúncio às vésperas do Enem gera insatisfação
Os estudantes também reclamam do momento escolhido para o anúncio da medida, feito em 24 de outubro, apenas duas semanas antes do início do Enem 2025. Muitos afirmam que a falta de debate prévio com a comunidade estudantil tornou a decisão ainda mais polêmica.
Pela nova regra, o sistema do Sisu considerará a melhor média obtida pelo participante entre as três últimas edições do exame imediatamente anteriores ao processo seletivo. Assim, para o Sisu 2026, poderão ser usadas as notas de 2023, 2024 e 2025.
Especialistas explicam a proposta
Segundo o pesquisador Renato Pedrosa, do Instituto de Estudos Avançados da USP, a possibilidade de utilizar notas antigas do Enem já havia sido considerada desde as primeiras versões do exame. “A ideia original é que o Enem, por ser equalizado no tempo, poderia ser usado por algum período, sem necessidade de refazer o exame todos os anos”, explica.
Ele destaca, porém, que essa proposta não pôde ser aplicada nos primeiros anos do Sisu, instituído em 2009, porque era necessário testar o modelo e verificar se a metodologia garantiria comparabilidade entre edições.
MEC defende a decisão
Em nota à Folha de S.Paulo, o MEC informou que a medida amplia o universo de participantes e aumenta a probabilidade de preenchimento das vagas ofertadas pelas instituições públicas. Segundo o ministério, a mudança busca otimizar o uso das vagas sem comprometer a isonomia entre os concorrentes.
A pasta também destacou que o Enem é um exame comparável entre edições graças à metodologia da Teoria da Resposta ao Item (TRI), que utiliza modelos matemáticos para garantir a equivalência entre provas aplicadas em anos diferentes.
Além disso, o MEC informou que outras instituições públicas já permitem o uso de mais de uma edição do Enem em seus processos seletivos e que o diálogo com as universidades continuará para aprimorar as políticas de acesso ao ensino superior.
Jornal da Chapada
















































