Um levantamento do Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (Ispe) revelou um dado alarmante: mais de 1,2 mil casos de injúria racial foram registrados na Bahia ao longo de 2024. O estudo inclui ocorrências em todas as regiões do estado, evidenciando que o problema é amplo – porém desigual entre os municípios.
Somente Salvador, reconhecida como a cidade mais negra do Brasil, contabilizou 492 ocorrências no período. Os dados ganham ainda mais destaque por terem sido divulgados na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a existência de racismo estrutural no país, apesar de divergências sobre a caracterização de um “estado de coisas inconstitucional”.
📌 Municípios com mais casos registrados
Entre as cidades com maiores índices, aparecem principalmente os grandes centros urbanos do estado:
Outros municípios que passaram de 10 registros foram:
Senhor do Bonfim, Teixeira de Freitas, Alcobaça, Inhambupe, Poções, Cruz das Almas, Jequié, Mata de São João, Ruy Barbosa e Santo Antônio de Jesus.
📍 Contrastes e silêncios: 134 cidades sem registros
O relatório também evidencia um dado curioso: 134 municípios baianos não registraram nenhum caso de injúria racial em 2024. Especialistas apontam que isso pode indicar dois cenários distintos — subnotificação ou falta de conhecimento da população sobre como denunciar.
🗣 Racismo em debate: STF e repercussões nacionais
A divulgação do levantamento ocorre no mesmo momento em que o STF reconheceu a existência de racismo estrutural e violações graves de direitos, reacendendo a discussão sobre políticas públicas voltadas à prevenção e combate ao racismo no Brasil.
Organizações civis, juristas e ativistas consideram os dados baianos como um retrato regional do cenário nacional que ainda exige atenção, educação e mecanismos de denúncia mais acessíveis.
Jornal da Chapada

