O ano de 2025 caminha para se tornar o segundo ou terceiro mais quente já registrado no planeta, segundo dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia. O alerta reforça uma tendência de aquecimento contínuo e cada vez mais preocupante, diretamente ligada às emissões de gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis.
A divulgação ocorre poucas semanas após a COP30, realizada no mês passado, onde os negociadores internacionais não conseguiram avançar em novos compromissos robustos para conter as emissões globais. O impasse reflete um cenário geopolítico fragilizado, marcado pela reversão de políticas climáticas nos Estados Unidos e pela tentativa de alguns países de suavizar metas de redução de CO₂.
O C3S destacou que 2025 deve marcar também o encerramento do primeiro período de três anos consecutivos em que a temperatura média global ultrapassou 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, entre 1850 e 1900. É justamente nesse intervalo histórico que o uso de combustíveis fósseis em escala industrial começou a se consolidar. Para Samantha Burgess, líder estratégica para o clima no serviço europeu, esses números são um sinal concreto da velocidade com que a crise climática avança. “Esses marcos não são abstratos. Eles refletem o ritmo acelerado da mudança climática”, afirmou.
O calor extremo e os eventos climáticos severos continuaram a atingir diversas regiões do planeta ao longo de 2025. A temporada fica atrás apenas de 2024, o ano mais quente já registrado desde o início das medições. No mês passado, o tufão Kalmaegi deixou mais de 200 mortos nas Filipinas, enquanto a Espanha enfrentou os piores incêndios florestais das últimas três décadas, agravados por condições climáticas extremas.
Embora fenômenos naturais provoquem variações anuais nas temperaturas, especialistas têm documentado uma tendência clara e consistente de aquecimento, incompatível com a variabilidade natural do clima. A causa predominante segue sendo a concentração crescente de gases de efeito estufa liberados por atividades humanas.
A Organização Meteorológica Mundial já havia apontado que os últimos dez anos foram os mais quentes da história. O limiar de 1,5 ºC representa o patamar máximo que os países se comprometeram a não ultrapassar no Acordo de Paris, firmado em 2015, com o objetivo de evitar impactos climáticos catastróficos. Apesar disso, a ONU declarou neste ano que a meta não pode mais ser alcançada de forma realista e reforçou que os governos precisam acelerar drasticamente a redução de emissões.
Os registros do Copernicus remontam a 1940 e são combinados com séries de dados globais que chegam até 1850, o que permite rastrear com precisão a evolução histórica das temperaturas e reforçar a evidência científica sobre o papel humano no aquecimento do planeta.
Jornal da Chapada















































