O Brasil ocupa atualmente uma posição de destaque na produção mundial de orgânicos, segundo o Ministério da Agricultura. Com alimentos de melhor qualidade e, consequentemente, mais nutritivos, esse sistema de cultivo tem sido a melhor opção para garantir a preservação do equilíbrio ambiental e a saúde de produtores e consumidores. Dispensando o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e transgênicos, a agricultura orgânica prioriza a redução do desperdício e ajuda a manter a biodiversidade.
A Chapada Diamantina, por dispor de condições climáticas favoráveis, recursos hídricos disponíveis e uma população com grande consciência ecológica, está se tornando uma região polo na produção de fruticultura tropical orgânica. Mel, cachaça e café se destacam entre os produtos orgânicos da Chapada, premiados e reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade.
Com certificação orgânica e biodinâmica, a Cachaça Serra das Almas, produzida na Fazenda Vaccaro, em Rio de Contas, foi eleita a melhor cachaça prata do país pela revista VIP em 2011. O mel Flor Nativa, fabricado de forma coletiva por integrantes da Associação de Apicultura e Meliponicultura do Vale do Capão, em Palmeiras, tem certificação orgânica e já foi premiado como o melhor nos Congressos Baianos de Apicultura em 2005, 2012 e 2013, e, em 2009, no Congresso Nordestino de Apicultura. A Chapada ainda tem história com o café, exportado até para o Vaticano.
Projeto Bioenergia Orgânicos
O destaque para a fruticultura tropical orgânica vai para a Bioenergia Orgânicos. Com sede em Lençóis desde 2009, a empresa brasileira pretende implantar um grande complexo industrial na região, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Mandioca e Fruticultura, que assessora as atividades com pesquisa e tecnologia. Em 15 de agosto, a Bioenergia realizou o 1º Dia de Campo, reunindo, na Fazenda Ceral, representantes do governo, agricultores, técnicos, engenheiros e profissionais de diferentes campos interessados no tema.
Os responsáveis pelo projeto Osvaldo Araújo e Evanilson Montenegro contaram que a Bioenergia Orgânicos já conquistou um plano de produção consistente e que agora irá buscar a certificação, e envolver os agricultores familiares, através das cooperativas e associações. “A nossa pretensão é formar parcerias produtivas, oferecendo o suporte técnico e garantindo a compra em contrato. A meta é estabelecer produção própria de 1.400 hectares e comprar a produção de outros 1.400ha dos agricultores regionais”, explica Osvaldo Araújo.
No distrito de Tanquinho, a empresa irá implantar um grande complexo industrial, para abrigar a diversidade produtiva da Chapada. “Esperamos alavancar o desenvolvimento do setor na região, abrangendo diversos municípios, como Andaraí, Mucugê e Iraquara. Queremos tornar a Chapada Diamantina especialista em orgânicos. Produzir alimentos saudáveis é o futuro!”, pontua Araújo.
Para o jornalista e proprietário rural em Lençóis, João Neiva, o Dia de Campo foi uma oportunidade de aprofundar os conhecimentos no assunto. “Na nossa comunidade [Riachãozinho], a consciência sobre o orgânico está em evidência. Todo mundo só fala nisso! Pretendemos investir no plantio de manga e café orgânicos”, comentou. Lorena Coelho, a Lila, do Grupo Ambientalista de Lençóis (GAL), esteve no evento e enfatizou a importância das ações sustentáveis. “No GAL, produzimos hortaliças para consumo próprio, plantas medicinais e frutíferas, inspirados pela agroecologia. Com a Bioenergia, pretendemos trocar informações e firmar parcerias”, disse.
Com foco no cultivo de café orgânico em Seabra, Piatã e Ibicoara, a Cooperativa dos Produtores Orgânicos e Biodinâmicos da Chapada Diamantina (CooperBIO) marcou presença no Dia de Campo. Na opinião de Seu Edilson Lopes, integrante do grupo, foi uma maneira de aprender com os estudiosos e ficar por dentro das novidades. Com informações do site Guia Chapada Diamantina.