O município de Mucugê, na Chapada Diamantina, completou 35 anos de tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, no último sábado (26). O conjunto arquitetônico e paisagístico de características vernaculares, representativo da urbanização tradicional do interior do Brasil e especialmente da Bahia, embasaram e motivaram a sua proteção.
No processo de tombamento constam pareceres favoráveis em que são salientados a homogeneidade do conjunto, a qualidade da arquitetura popular, a integridade e a existência de dois elementos excepcionais: o cemitério bizantino e os casarões coloniais, a maioria edificados em adobes ou pedras. Mucugê é uma cidade de tipologia simples, mononuclear, desenvolvida segundo uma matriz em “L”, com um traçado semi-irregular adequado para se ajustar ao vale em que está localizada.
Seu conjunto arquitetônico é formado por sobrados e casas térreas, originárias de meados e final do século passado. As ruas e praças calçadas em pedras tipo ‘cabeça de nego’ formam o sistema viário da cidade, que apesar de disposto com relativa irregularidade, guarda uma simplicidade que lhe é de todo inerente. Em Mucugê, o Cemitério Santa Isabel ganha destaque, devido ao estilo bizantino e a distribuição estética de seus túmulos, além da sua notável integração com a paisagem do sítio onde se acha erigido.
A cidade ocupa uma área de 44 hectares e possui cerca de 355 prédios urbanos integralmente conservados. Nos últimos anos, o patrimônio histórico recebeu investimentos do Iphan, que envolveram mais de R$ 1,2 milhão. A última intervenção realizada foi na Igreja Matriz de Santa Isabel que, além de obras de conservação, foram totalmente restaurados os bens móveis e integrados do monumento histórico.
História
A povoação de Mucugê surgiu em meados do século XIX. José Pereira do Prado, também conhecido como Cazuza do Prado, influente “pedrista” da Chapada Diamantina, tendo notícia através de um empregado da descoberta de diamantes no rio Mucugê, enviou ao local uma caravana, que chegou em setembro de 1844. Rapidamente se formou uma povoação de 12 mil habitantes em terrenos que pertenceram primitivamente ao Sargentor-Mor Francisco da Rocha Medrado.
Apelidada de “Jóia da Chapada Diamantina”, Mucugê foi a primeira localidade baiana onde foram encontrados diamantes de valor real. Em 17 de maio de 1847, foi criada a freguesia de São João do Paraguaçu, a vila e o município que se chamou originalmente de Santa Isabel do Paraguaçu. Em 1890, foi elevada a cidade e a sua atual denominação de Mucugê data de 23 de agosto de 1917. Com informações do Portal Iphan.