O ex-presidente Lula está viajando no Nordeste em uma missão que busca resgatar a sua imagem popularesca e alavancar o governo petista que se encontra imerso em uma onda de elementos negativos. Ontem foi a vez de o líder petista desembarcar em Salvador, onde participará hoje e amanhã do seminário sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), mas antes teve encontro fechado com o governador Rui Costa, o senador Otto Alencar e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo e ainda com a bancada federal baiana, estadual e municipal.
O ex-presidente discutiu com os parlamentares baianos a crise econômica enfrentada pelo governo Dilma. Ele é simpatizante de mudanças no comando da política econômica do país e já criticou o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, pelo modo de condução da economia. Ele diz que em vez de apontar cortes, o ministro deveria apontar cenários melhores que pode vir depois do ajuste fiscal.
“É preciso melhorar, sim, e é preciso fazer cortes para não quebrar”, defendeu o petista anteontem em sua passagem por Teresina. Sem dar muitas brechas, o deputado Afonso Florence, vice-líder do PT na Câmara Federal e coordenador da bancada baiana do partido na Casa Legislativa, um dos presentes, afirmou que o debate do ex-presidente a portas fechadas com os deputados da legenda se deu para discutir a conjuntura política nacional.
“Estamos fechando o ano de 2015 e nos preparando para 2016. Temos que discutir essa conjuntura que enfrentamos, crise econômica, política, com muitos indicadores negativos, tentativa de impeachment. Mas não existe interesse nosso na abordagem de busca pelo fortalecimento de Lula para 2018. Não tem isso. Temos um movimento que o PT sempre fez que é de consolidação do nosso programa de governo”, afirmou Florence.
E como apontou o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Joviniano Neto, em entrevista à Tribuna, o ex-presidente Lula cumpre em Salvador uma agenda política com parlamentares e outra de cunha positivo, que é o seminário sobre o Plano Nacional de Educação, onde discutirá o assunto com educadores e movimentos sociais.
“Nesse encontro com deputados do PT se vê uma estratégia para mobilizar as bases para uma luta política, uma luta ideológica que é a disputa pela opinião pública. O objetivo é sair de uma posição de resistência para uma ação de atividades. É um incentivo à militância para ir às ruas”, aponta o pesquisador, que vê uma movimentação com vistas às eleições de 2016. Extraído da Tribuna da Bahia.