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Fogo volta a ficar fora de controle e ameaça residências e trilhas na Chapada Diamantina; Fumaça interditada

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Os incêndios na Chapada Diamantina atingem áreas de preservação dentro e fora do Parque Nacional, como na serra da Cachoeira da Fumaça | FOTO: Divulgação/Pedro Meza |

A região da Chapada Diamantina voltou a sofrer com os incêndios florestais e, neste final de semana, a situação se tornou preocupante. De acordo com informações apuradas pelo Jornal da Chapada, há linhas de fogo em diferentes municípios, afetando trilhas e ameaçando residências. Atualmente, entre sexta e domingo, ao menos quatro focos são combatidos e monitorados por brigadistas voluntários, membros do PrevFogo e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Eles estão no Vale do Capão (Palmeiras); em Ibicoara, onde existem três diferentes focos; Lençóis; e em Mucugê, onde o fogo segue controlado. O Vale do Capão é um dos focos mais preocupantes, pois já atingiu a área da Cachoeira da Fumaça, e fez essa trilha ser interditada.

“Informamos que a Cachoeira da Fumaça, desde já, encontra-se interditada devido à expansão da linha de fogo que se encontra atualmente descendo a trilha do 21 [Cachoeira], atingindo também a ‘Fumaça por Baixo’”, aponta informativo deste domingo (6) da Associação de Condutores de Visitantes Vale do Capão (ACV-VC). A situação no Vale é considera de extrema emergência, entretanto, as demais trilhas para atrativos naturais da região seguem funcionando normalmente.

Em Lençóis e Ibicoara, brigadistas também atuam para controlar as linhas de fogo que afetam a Gruta do Lapão (Lençóis) e a região do Baixão (Ibicoara), onde se encontra o Vale da Cachoeira da Fumacinha. Ibicoara registra ainda fogo nas regiões da Giboia e Machombombo. Os incêndios na Chapada Diamantina atingem áreas de preservação dentro e fora do Parque Nacional (PNCD). Em contato com o Jornal da Chapada, o presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira, diz que todos os incêndios estão fora de controle. “Todos fora de controle e crescendo. O importante agora é o Estado disponibilizar viaturas para as brigadas irem para ação de combate”, aponta.

O presidente da Cifa, Homero Vieira, durante atuação a incêndio na Chapada Diamantina | FOTO: Reprodução/Facebook |

De acordo com Vieira, a situação segue difícil para as brigadas e ameaça ainda mais o ecossistema do local. “Sem o apoio de veículos para as brigadas vai ser assim sempre. A Cifa segue para Ibicoara para atuar lá. Tivemos um incêndio também em Mucugê, mas já foi controlado”, completa. Ainda conforme o brigadista, é preciso ter maior mobilidade para que as brigadas circunvizinhas possam se organizar e atuar juntas no combate.

“A ação rápida evita maiores perdas. Acho que não é difícil neste momento crítico o governo dispor de viaturas para as brigadas terem maior mobilidade. Com certeza este gasto seria recompensado em termo de tempo e áreas menores destruídas pelo fogo. Além de evitar maiores gastos financeiros para o combate. Precisamos de, no mínimo, cinco viaturas para dar mobilidade às brigadas. Uma viatura para Lençóis outra para Andaraí, outra para o Capão, Morro do Chapéu e Ibicoara”.

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Confira vídeo do fogo na região da Cachoeira da Fumaça gravado por Pedro Meza:

Atuação no Vale do Capão e trilhas interditadas
O informativo deste domingo (6) da ACV-VC aponta que o fogo que seguia para o Sobradinho foi debelado no sábado (5), conforme noticiado pelo Jornal da Chapada. Os brigadistas voluntários seguem com o trabalho de rescaldo na área. Entretanto, a associação aponta que o fogo ainda está forte, em uma linha de três quilômetros que vai sentido a área da Cachoeira da Fumaça, por cima e por baixo, além de afetar também sentido trilha da Cachoeira do 21 – todas trilhas bastante procuradas por turistas.

“A trilha da Fumaça, infelizmente, encontra-se interditada no momento por razão da quantidade de fumaça no local. Há focos de difícil acesso em paredões, em locais que oferecem risco de vida para os brigadistas. Esses focos só poderiam ser extintos com auxílio do ‘bambi’ [bolsa de água] que é carregada por um helicóptero. Porém, nenhum dos três helicópteros disponibilizados para combate, conseguem carregar a bolsa”.

Ainda conforme a ACV-VC, uma equipe de brigadistas aguarda um helicóptero por mais de uma hora. “Brigadistas que poderiam estar em combate seguem parados e terão que subir a pé caso a aeronave não apareça. Pedimos a colaboração de todos neste momento. Brigadistas que puderem subir a serra, por favor, precisamos de ajuda”. A associação também segue com campanhas para doações de alimentos e quantias em dinheiro por uma conta do banco Bradesco: Ag: 1087; Conta poupança: 4078-9; CNPJ: 04.131.046/0001-09.

Fogo controlado na Serra do Sobradinho, região do Vale do Capão | FOTO: Cris Mendez/ACV-VC |

Trabalho intenso
“Neste momento, toda a mobilização dos voluntários e parceiros é necessária novamente. As aeronaves e todo efetivo disponibilizado pelo governo precisa retornar. A Cachoeira da Fumaça, um dos principais atrativos da região, está correndo perigo”, afirma Marta Ferreira, brigadista e sócia-fundadora da BRAL, em texto enviado ao Jornal da Chapada.

Ainda segundo informações de brigadistas, as regiões que estão sendo atingidas são de difícil acesso para o combate. Próximo à cachoeira do Palmital, por exemplo, um dos atrativos “localizado na trilha da Fumaça por baixo, é uma região com muita mata, aumentando a intensidade do fogo. Além das regiões de turfa [solos orgânicos que se formam em valas], onde o fogo persiste por dias”.

Jornal da Chapada

Confira imagens publicadas pela ACV-VC

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