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Projeto requer uso do Parque da Cidade para atividades de religiões de matriz africana

O vereador Luiz Carlos Suíca com baianas durante ação em Salvador | FOTO: Divulgação/Ascom |

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“Precisamos criar mecanismos de proteção aos adeptos dessas religiões”, diz Suíca | FOTO: Divulgação |

O projeto de indicação (nº 66/2016) encaminhado ao Executivo de Salvador pelo vereador Luiz Carlos Suíca (PT) cobra o reconhecimento do uso do Parque da Cidade para a realização de atividades de segmentos de religiões de matriz africana. De acordo com o edil, “a proposta deve garantir que os seguidores religiosos tenham o direito à manifestação de cultos nos espaços públicos”. Atualmente, representantes das religiões de matriz africana denunciam o preconceito e discriminação que sofrem ao chegar ao local. “Precisamos criar mecanismos de proteção aos adeptos dessas religiões. Cada um tem o direito de seguir sua fé e expressar suas convicções, desde quando respeite as diferenças sociais e particularidades de cada cidadão. Cabe ao poder público mediar possíveis conflitos”, explica o vereador.

Maria Jutuacira Lisboa, popularmente chamada de ‘Mãe Juta’, do ‘Centro de Caboclo de Tupininquin’, em Pernambués, apoia o projeto de Suíca. “Precisamos tornar o parque um espaço democrático e acessível para todos, inclusive para a prática religiosa. Faz parte da nossa história, de nossa cultura. Quando estou no parque, a certeza é a de que a ‘energia’ existe. Podemos compartilhar isso”, enfatiza. Mas, para ‘Odun Ará’, como é conhecido Almir Silva Santos, no segmento ‘Afoxé Bambuxê’, a energia nem sempre é positiva. “Os seguranças do espaço pedem para que a gente se apresente e perguntam quais objetos estamos portando. Parece que estamos fazendo algo de errado”, denuncia. Outra preocupação é a retirada de árvores que, para os religiosos, são ‘sagradas’. “A reforma do parque deve ser planejada e com consulta à população. Não é isso que estamos percebendo”, reclama Santos.

O grupo Afoxé é do Nordeste de Amaralina, região próxima ao Parque da Cidade. Segundo Santos, existe uma “integração de pessoas da comunidade por meio de atividades da religião no bairro”. Santos ainda frisa o trabalho social do grupo. “É uma forma de incluir as pessoas em um contexto de valores que a religião ajuda na formação moral e cidadã. Também queremos seguir com estas pessoas para o espaço. Porém, nem sempre isso tem sido viável”, completa. Um ato está marcado para o próximo dia 3 de abril, quando adeptos de diferentes segmentos de religiões de matriz africana se reúnem no Parque de Cidade com o Movimento de Cultura Popular do Subúrbio (MCPS). A intenção é protestar sobre a apropriação deste e de outros espaços de Salvador. Atualmente, os parques de Pituaçu e de São Bartolomeu também recebem religiosos de diferentes crenças da cidade.

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