O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), fez na última terça (4) um discurso no Senado para negar que tenha recebido propina da Odebrecht no exterior. Ele também cobrou o fim do sigilo sobre os depoimentos de delação premiada de ex-executivos da empreiteira. De acordo com reportagem da revista Veja publicada no último fim de semana, em sua delação. o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior disse que pagou propina a Aécio em uma conta num banco em Nova York, que era administrada pela irmã do senador, Andrea Neves.
Aécio disse que solicitou ao relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, acesso à delação citada na revista para que possa se defender, além da investigação do vazamento. Segundo as informações publicadas pela Veja, os pagamentos seriam uma contrapartida por ele ter atendido a interesses da empreiteira em obra da Cidade Administrativa, sede do governo de Minas Gerais, construída entre 2007 e 2010, em Belo Horizonte, e na construção da Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, na qual a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tem participação.
O senador classificou a informação de “mentira, calúnia, injúria, difamação e crime”. “Mas, mesmo nada disso do que foi relatado existindo, nada sendo real, as senhoras e os senhores sabem bem: o factoide cumpriu o papel de instrumento, ou melhor, de poderosa arma para atacar a minha reputação e de minha família. Os prejuízos pessoais e políticos são incalculáveis”, disse Aécio aos parlamentares.
Aécio Neves também falou em cerceamento do direito de defesa de políticos que são apontados em delações vazadas e não têm condição de se defender das acusações por não terem acesso ao conteúdo completo dos depoimentos. Segundo o senador, com esse tipo de situação, corre-se o risco de o país se “transformar de país infestado pela corrupção em uma pátria de cidadãos sem direitos”.
“Não podemos permitir que a saudável indignação dos brasileiros se transforme em uma indignação preguiçosa e superficial de quem prefere a opção fácil de ser contra tudo e contra todos a enfrentar a complexidade da realidade. Não podemos nos transformar em um país que confunda justiça com prévia condenação. Não podemos nos transformar em um país em que a verdade seja apenas um detalhe secundário num pé de página qualquer”, afirmou.
Logo após o discurso, o senador recebeu diversos apartes de colegas declarando apoio e solidariedade a ele. Ainda durante o fim de semana, lideranças do PSDB divulgaram nota pública condenando a reportagem e declarando confiança no presidente do partido. Da Agência Brasil.