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#Entrevista: “Se crescer, o PR vai brigar por novos espaços”, diz o deputado federal José Carlos Araújo

O ex-deputado federal José Carlos Araújo | FOTO: Divulgação/Ascom |

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Araújo, que na última semana intensificou conversas com o deputado federal Ronaldo Carletto (PP), afirma que o PR deve ganhar um peso político fundamental para exigir maior visibilidade na campanha do governador | FOTO: Arquivo/EBC |

O deputado federal José Carlos Araújo, presidente estadual do PR na Bahia, quebrou o silêncio e falou abertamente para a Tribuna sobre os rumos que a legenda deve tomar nos próximos meses. Nas últimas semanas, cresceram os rumores de que o partido quer se fortalecer para tentar pleitear uma vaga na chapa majoritária tanto de Rui Costa (PT), como de ACM Neto (DEM). Araújo, que na última semana intensificou conversas com o deputado federal Ronaldo Carletto (PP), afirma que o PR deve ganhar um peso político fundamental para exigir maior visibilidade na campanha do governador.

“A tendência do PR é crescer. Iniciamos conversas com vários parlamentares. É lógico que o PR do tamanho que está, não pode reivindicar muita coisa. O PR, quando negociou com o governador,ele já havia fechado todas as suas secretarias. Só sobrou a Secretaria de Turismo e, mesmo assim, pela metade. Hoje o PR já não aceitaria isso e também não aceitará uma outra negociação com secretaria pela metade”, avisa, durante entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia.

Na conversa, o parlamentar elogiou a gestão do prefeito de Salvador e ainda afirmou que ele pode ser a “joia na coroa do DEM”. Araújo, que ganhou notoriedade nacionalmente por presidir a comissão que cassou o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB),também avalia as acusações que pesam contra o ex-presidente Lula e o ministro Geddel Vieira Lima.

Tribuna da Bahia – Como o senhor avalia a antecipação do processo eleitoral na Bahia? Há um indicativo de que a eleição será tensa?
José Carlos Araújo – Não tenho a menor dúvida de quer a eleição não só na Bahia, como também no Brasil, será tensa. É uma eleição diferente e muito delicada. Esses eventos todos que estão marcados para acontecer até a eleição vão tensionar mais ainda.

Tribuna – Como o senhor avalia o governo Rui Costa? Acredita que ele vai chegar fortalecido na próxima eleição?
Araújo – Acredito que sim. O governo Rui Costa está muito bem avaliado, tanto na capital, quanto no interior. E com as obras que estão marcadas para começar, ele deve continuar bem avaliado. Portanto, não há dúvida nisso, de que ele chega fortalecido no próximo pleito.

Tribuna – Muita gente fala que, devido ao tempo do PT no poder, há uma fadiga de material. O senhor acredita que isso vai pesar muito na campanha?
Araújo – Acho que sim, mas acho que isso é normal. Sempre aconteceu na Bahia. Você viu que o poder mudou demãos duas vezes exata-mente por isso: a fadiga ao Carlismo. Em determinado momento o povo cansou de alguma forma, Wagner chegou ao poder e Rui Costa deu continuidade. Agora, com o tempo sempre há fadigados políticos em determinados momentos.

Tribuna – Qual o cenário que o senhor vislumbra para a próxima eleição? Qual a chapa que considera ideal para o governador Rui Costa?
Araújo – Veja bem, é prematuro você dizer hoje qual seria a chapa ideal. Muita coisa poderá acontecer. Uma janela partidária vai acontecer em março até o dia 6 de abril. Então, alguns partidos podem ficar mais fortalecidos e outros menos fortalecidos. Depois de abril e maio é que você vai poder avaliar o cenário ainda disponível para o PT. Mas esse cenário ainda só vai poder se delinear claramente a partir de maio, quando chegar mais perto das convenções.

Tribuna – Quando os secretários do governador Rui Costa saírem para se candidatar, o PR pensa em pedir mais espaço no governo?
Araújo – O PR pensa no futuro, na frente, com a formação de uma chapa. Em um novo governo sim, a depender do tamanho que o PR tiver, vai reivindicar um espaço na máquina estadual. Inclusive, um lugar também na chapa majoritária.

Tribuna – O senhor acredita também que o PR vai ter fôlego para conseguir espaço na chapa de Rui? Têm fundamento os comentários dos bastidores de que o partido pode marchar com o prefeito ACM Neto?
Araújo – Não, preste atenção: a tendência do PR é crescer. Iniciamos conversas com vários parlamentares. É lógico que o PR do tamanho que está, não pode reivindicar muita coisa. OPR, quando negociou com o governador Rui Costa, ele já havia fechado todas as suas secretarias. Só sobrou a Secretaria de Turismo e, mesmo assim, pela metade. Hoje o PR já não aceitaria isso e também não aceitará outra negociação com secretaria pela metade. Essa coisa não deve acontecer. Mas antes precisamos saber que tamanho vamos ficar e, a partir daí, vamos conversar com o governa-dor. Vamos cumprir o critério. O governador tem que estabelecer um critério para os partidos políticos que vão fazer parte da aliança para o governo. Essa coisa vai acontecer tanto para o lado, como para o outro. Se o partido crescer, não tem cabimento o partido ficar com um espaço diminuto como o PR tem hoje. Se crescer, o PR vai brigar por novos espaços.

Tribuna – Como o senhor vê o movimento do deputado Ronaldo Carletto e de setores do próprio PR em querer marchar com o prefeito ACM Neto? O senhor acha isso possível?
Araújo – O deputado Ronaldo Carletto nunca colocou se quer marchar com A ou B. Ele está na base de Rui Costa e a prioridade de conversa é com o governador Rui Costa. A não ser que o governador não queira o PR. Acho difícil que uma chapa não queira um partido da densidade que o PR tem e que vai ter a partir de março.

Tribuna – O senhor acredita que o prefeito ACM Neto vai ser candidato na próxima eleição?
Araújo – Acredito. Porque não? Jovem, idealista, tem trabalhado e feito uma boa administração. Acredito, aliás, que ele talvez seja a joia na coroa do DEM. O DEM quer que ele seja candidato para favorecer o partido, tanto na Bahia, quanto no Brasil. É natural que o partido queira isso.

Tribuna – Como o senhor vê a situação do ex-presidente Lula? Ele vai ter fôlego para disputar eleição ou vai ser abatido pela Operação Lava Jato?
Araújo – Está muito próximo de se ver o que vai acontecer. Então, temos que esperar o dia 24 de janeiro [dia em que será julgado o recurso de Lula na segunda instância]. Eu, particularmente, acho que no dia 24 pode haver uma reviravolta. Alguém pode pedir para que esse julgamento seja adiado. Pode acontecer isso. É uma decisão do Judiciário e eu aprendi desde menino que decisão de juízes não devemos nos meter. Tem que deixar acontecer para ver qual é a situação em que vai ficar o presidente Lula depois desse julgamento do dia 24.

Tribuna – O PR apoiará uma eventual candidatura do ex-presidente Lula na próxima eleição?
Araújo – Em política,você não pode dizer que não e nem que sim. Você primeiro tem que observar os cenários e ver o que vai acontecer. Ver como o presidente Lula vai se sair nessa situação e ver como o PR vai ficar, na Bahia e no Brasil. Necessariamente, o PR pode ter uma direção fora da Bahia e outra na Bahia.No momento em que fui para o PR, uma das coisas que nós acertamos com a direção nacional é que nós teríamos a autonomia para decidir a situação do PR na Bahia e em quem apoiar. Então, a direção nacional tem nos deixado à vontade para decidir os rumos do PR baiano.

Tribuna – Se o ex-presidente Lula for condenado, as chances de o partido deixar base do governador Rui Costa e do PT aumentam. Confere?
Araújo – Não sei. Aí eu não sei, porque nós vamos ver como será feita essa composição e como é que o povo vai reagir a essa acusação. É uma coisa que temos que aguardar para ver o que vai acontecer.

Tribuna – Se o ex-presidente Lula porventura não se candidatar, o senhor acha que o melhor nome mesmo é o do ex-governador Jaques Wagner?
Araújo – Não tenho a menor dúvida disso. Se Wagner for candidato, o cacife de Rui cresce muito. Então, digo a você: nós temos que aguardar. O divisor de águas é o julgamento que vai acontecer. Diante do julgamento é que vamos saber se vão penalizar Lula e se o povo vai aceitar. Vamos ver se Lula vai ficar vitimizado e se, uma vez vitimizado, vai crescer e ficar mais forte. Se ele não for candidato, vai ficar como vítima e vai apoiar alguém que vai ficar muito forte. Temos que aguardar para ver o que vai acontecer.

Tribuna – Como o senhor avalia o governo do presidente Michel Temer?
Araújo – Não sou eu quem avalio. Quem avalia é o povo. Ele está com94% de rejeição. O que se pode esperar de um governo desses?

Tribuna – O ex-ministro Geddel continua preso. As malas de dinheiro que foram encontradas e atribuídas à ele causaram perplexidade?
Araújo – Sem dúvida nenhuma que aquelas fotografias foram muito fortes. Foi um fato que chocou toda a Bahia e todo o Brasil. Estamos aguardando o desenrolar do que vai acontecer aí nesse julgamento. As provas que a Polícia Federal vai colher e vai colocar aí. Então, temos que aguardar a decisão da Justiça.

Tribuna – Com o formato de financiamento da campanha, como está estabelecido, como vai ser a próxima eleição? De onde virá o dinheiro?
Araújo – Muito difícil responder. Todo mundo vai ter que fazer campanha com o dinheiro do partido ou com recursos próprios, dentro das travas previstas na legislação. Então, acho que essa campanha vai melhorar para quem realmente tem votos. Para quem tem farinha no saco. Não vai ser uma campanha como as outras, em que candidatos gastaram rios de dinheiro. Vai ser uma campanha, no meu entender, que vai valer para o candidato que tem prestígio e serviço prestado. Vai favorecer o candidato que não tiver envolvido em falcatruas e coisas do tipo e com serviços prestados à comunidade. Esse terá uma grande vantagem em relação a qualquer outro candidato. E eu me incluo nisso, porque fui investigado durante o julgamento de Eduardo Cunha. Tentaram de todas as formas me execrar, mas não conseguiram. Passei incólume em todos aqueles nove meses de julgamentos de Eduardo Cunha e terminei fazendo o que o povo queria: cassar o maior corrupto que tinha no Brasil.

Tribuna – Empresários e políticos presos. O senhor acredita que a sensação de impunidade que sempre imperou na política se retraia gora?
Araújo – Não tenho a menor dúvida. Agora as pessoas vão ficar com medo, vão ter cuidado para não se envolver nesse tipo de coisa e ficar manchado pelo resto da vida. Acho que o que vai prevalecer nessa campanha são as mãos limpas, não ter se envolvido em nenhum tipo de falcatrua, propina e esse tipo de coisa. Essa eleição é um divisor de águas.

Tribuna – O que falar para a população que anda tão descrente da política, dos políticos e da forma de fazer política hoje?
Araújo – Me orgulho de ser político, não me envergonho. Muitas pessoas se escondem. As pessoas já me conhecem. Esse julgamento [de Eduardo Cunha] deu ao Brasil e, principalmente na Bahia, a visão do que é um político sério e um político que não é sério. Eu estive agora na caminhada do Bonfim a oportunidade de ver muitas pessoas, que me pararam para fazer selfies e me disseram que sou um político sério. Agora, muita gente que estava ali no Bonfim não deveria estar, porque são corruptos e estão envergonhando o povo. Graças a Deus, posso transitar com muita tranquilidade na Bahia, em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eu fui exposto na mídia por muito tempo e as pessoas passaram a me conhecer e ver que eu sou um político sério e que não me meto em falcatruas.

Tribuna – Qual é o tamanho que o PR quer ter? E qual é o objetivo do partido?
Araújo – O PR tem o objetivo máximo decrescer o que puder. Agora, há uma conversa com alguns deputados. Estamos com uma metade chegar com cinco ouseis deputados federais e sete ou oito deputados estaduais. Vamos chegara 55, 60 ou 70 prefeitos. Então, vamos ficar comum capital e peso político grandes. Vai dar para conversar com qualquer candidato e mostrar o que o PR quer. Queremos contribuir com essa nova fase da política baiana e brasileira e mostrar que podemos ajudar o Brasil nesse momento tão difícil. As informações são da Tribuna da Bahia.

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