A Bahia é conhecida por sua vocação turística. Praias, rios, dunas, montanhas, trilhas e cachoeiras são apenas alguns dos atrativos. As parreiras no Vale do São Francisco e da Chapada Diamantina, contudo, revelam um novo cenário e uma rede de enoturismo que vem sendo construída no estado. As regiões constituem um novo polo atrativo para turistas e também é oportunidade de negócios para uma cadeia produtiva.
A vinícola Terranova, do grupo Miolo, em Casa Nova, e o projeto PIVOT 30, da Fazenda Progresso, em Mucugê, investiram cerca de R$ 60,3 milhões no setor, colocando a Bahia no roteiro do enoturismo. O segmento atrai um público exigente e apreciador de sabores e aromas dos vinhos e das tradições culturais da terra onde a bebida é produzida. É também oportunidade para outros empreendimentos.
É o caso do Vapor do Vinho, no Vale do São Francisco. Amantes da bebida são convidados a conhecer este roteiro enoturístico denominado, que é uma parceria com a Vinícola Terranova. Segundo o empresário Luiz Rogério Rocha, operador do passeio, a cooperação foi iniciada em 2011, quando a vinícola abriu o empreendimento para visitação e uma loja de varejo dentro da unidade, seguindo uma tendência mundial.
“Eu já realizava roteiros no Rio São Francisco, mas com a parceria a demanda aumentou muito. Começamos atendendo uma média de 40 pessoas aos sábados e atualmente são aproximadamente 500 passageiros por final de semana”, afirma o empresário. O roteiro é operado aos sábados, domingos, feriados e por demanda de grupos fechados, com custo de R$ 160 por pessoa. No passeio está incluso a navegação no Lago de Sobradinho com música ao vivo, almoço a bordo, banho na ilha da Fantasia, visita a vinícola Miolo, com degustação de vinho, brandy e espumante.
Em maio deste ano, o Vapor do Vinho ganhou uma nova embarcação batizada Vapor do São Francisco, fruto de um aporte de R$ 5 milhões feito pela vinícola. “Com o crescimento do fluxo de turistas na região, percebemos a necessidade de investir em uma barca maior para atender as necessidades dos nossos visitantes e oferecer uma melhor infraestrutura. Hoje temos capacidade para 332 passageiros, dispomos de elevador, banheiros com acessibilidade, além de serviço de jacuzzi, tobogã e espaço infantil”, explica Rocha.
De acordo com o Gerente Regional da Vinícola Terranova, Adauto Quirino Jr, a intenção é transformar o empreendimento em uma referência turística da região. “O Vapor do Vinho é uma forma de dar visibilidade a nossa marca. A vinícola precisa do barco e o barco precisa da vinícola. Quando a parceria começou era uma embarcação pequena, hoje ela está maior e preparada para atender um público mais exigente. Apostamos muito na divulgação, o grupo Miolo investe uma média de R$ 300 a R$ 400 mil por ano em divulgação e marketing na Vinícola Terranova, que abre todos os dias”, diz.
O gerente regional afirma que a perspectiva é fechar 2018 com aproximadamente 50 mil visitantes, 20% a mais que o ano passado. “Estamos desenhando novos projetos para atender ao volume de turistas que tem aumentado. Acredito que daqui um ano e meio, estaremos lançando novas propostas para os visitantes. Uma das metas é associar a gastronomia ao consumo de vinho”, explica Quirino.
“A vinícola Terranova é um excelente exemplo de negócio que contribui para agregar valor à região onde está localizada. O empreendimento atrai turistas, gera empregos diretos e indiretos, fomenta a economia local e alavanca os investimentos dos pequenos negócios, a exemplo da rede hoteleira de Juazeiro que hoje conta com aproximadamente 2 mil leitos”, afirma Luiza Maia, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado.
A Vinícola Terranova é responsável pela produção nacional de 80% dos espumantes da marca. Com 200 hectares plantados e irrigação por sistema de gotejamento, graças às águas do Velho Chico, a Miolo realiza duas colheitas anuais, produzem 4 milhões de litros, por ano, sendo 2 milhões de litros para espumantes e vinhos e 2 milhões para destilar. A empresa gera 150 empregos diretos e, entre 2014 e 2017, investiu R$ 5,3 milhões.
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Vinho da Chapada
De olho no interesse que o vinho desperta nas pessoas e no crescimento do enoturismo, a Fazenda Progresso está implantando o projeto PIVOT 30, em Mucugê, que contará com um complexo que vai integrar o turismo à produção de vinhos, espumantes, geleias e sucos, oferecendo visita guiada, hotel e restaurante. O investimento previsto é de R$ 50 milhões e a previsão de operação plena é 2021.
De acordo com o produtor e administrador da Fazenda Progresso, Fabiano Borré, o trabalho na vinícola já foi iniciado. “Além das obras civis, estamos investindo em estudos para o desenvolvimento da marca – PIVOT 30 foi um nome dado provisoriamente no início do projeto -, linha de produtos, rótulo, forma de apresentação ao mercado, plataformas que serão usadas para comercialização, divulgação e conceito de comunicação visual”, afirma.
Borré explica ainda que estão desenvolvendo um projeto para estimular o turista a passar um tempo maior na região: “A Chapada Diamantina já é conhecida pelo ecoturismo, naturalmente, vamos atrair o eno, mas estamos trabalhando com uma plataforma mais ampla para atrair também o agroturismo. Temos produção de café e batata, que também são produtos especiais, principalmente o café que desperta o mesmo nível de interesse do vinho”. As informações são da SDE.