Retomar a conexão entre a humanidade e a natureza é um dos caminhos para a preservação do meio ambiente e o principal objetivo do Curso Fundamental de Trilhas Sustentáveis realizado em Seabra, no início de fevereiro, pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD). A trilha é o principal equipamento turístico que leva o visitante aos atrativos naturais, por isso, ela possui um papel importantíssimo nessa relação. “Uma das funções de unidades de conservação como o Parque Nacional é encantar o público com a natureza e fazer com que ele se torne um defensor da conservação, fortalecendo a demanda por investimentos e ações para o setor. Mas, para isso, ele precisa sair satisfeito daquela experiência”, explica Pablo Casella, analista ambiental do ICMBio.
“Para isso, nós acreditamos que as trilhas precisam ser planejadas e manejadas de acordo com o conceito de trilhas sustentáveis, que envolve três dimensões básicas: a ambiental; a gerencial e a experiencial”. A primeira se refere ao mínimo impacto, evitando perda de solo, assoreamento, e a exposição de raízes, por exemplo. A dimensão gerencial está relacionada à eficácia no emprego de recursos, como a mão de obra, o tempo e o dinheiro necessários, devendo-se optar por intervenções mais duradouras possíveis. A última dimensão leva em consideração a experiência do turista, devendo ser um ambiente neutro no contato entre visitante e ambiente natural, “ela não pode interferir negativamente no passeio, pelo contrário, o ideal é que o torne ainda mais positivo ou, pelo menos, não atrapalhe”, ressalta Casella.
Intervenções
Baseado nesse tripé, o curso mesclou atividades teóricas e práticas dentro de uma carga horária de 40 horas e destinou a atividade de campo para a manutenção da trilha da Serra da Cotréa, pertencente a APA Marimbus-Iraquara. “O local faz parte de um projeto de desenvolvimento turístico do município, com potencialidades semelhantes ao do Morro do Pai Inácio, porém, antes do curso, o seu acesso era considerado um entrave para a visitação”, conta Sirlene de Souza, coordenadora municipal de turismo.
Agora, o local já está mais confortável para os visitantes. Os alunos colocaram a mão na massa e realizaram algumas intervenções, como a construção de degraus de pedras, uma cama de pedra pra diminuir a força da água no solo e abriram um novo percurso para facilitar o acesso ao cume. “O trabalho iniciado será concluído com a realização do Dia do Voluntariado, uma proposta que surgiu no próprio curso, que visa à continuidade do trabalho e a multiplicação do conhecimento”, destaca Sirlene.
Como participar
A ação foi resultado de uma parceria entre ICMBio, Secretaria de Turismo e Meio Ambiente de Seabra e APA Marimbus Iraquara, e contou com a participação de representantes dos municípios de Iraquara, Palmeiras e Seabra. O curso de trilhas sustentáveis foi elaborado pelo Parque Nacional a partir de uma demanda realizada pela associação Marchas e Combates de Mucugê, em 2017, e já está em sua terceira edição.
Após o carnaval, mais um será realizado no município de Ibicoara. O curso é gratuito e voltado para todos que possuem interesse em contribuir com o meio ambiente. Ele é realizado a partir da solicitação de órgãos e organizações de cada município do entorno do PNCD. Para mais informações de como realizá-lo em seu município, entre em contato através do e-mail: [email protected]. As informações são do ICMBio.