O estado com o maior número de casos do vírus HTLV no país é a Bahia. A grande incidência no estado foi descoberta a partir de uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que analisou testes realizados no Laboratório Central de Saúde Público (Lacen). Os dados foram colhidos em 379 municípios, de 2003 a 2014. A pesquisa mostra que, a cada 100 mil habitantes, 14 estão infectados. Esse número corresponde a quase 1% da população baiana, que é cerca de 130 mil pessoas. Barreiras lidera o número de infectados: quase 25 pessoas a cada 100 mil examinadas. Em seguida está Salvador, com quase 23 e a região de Itabuna e Ilhéus, com 22,6.
Esse tipo de infecção afeta cerca de 135 mil pessoas no estado e pode provocar dificuldade de locomoção e até leucemia. As cidades baianas com maior incidência são Barreiras, Salvador, Itabuna e Ilhéus. O HTLV é o vírus linfotrópico da célula T humana e não tem cura, mas há tratamento. Ele é da mesma família do vírus HIV, e possui as mesmas formas de contágio: relações sexuais sem proteção, uso de agulhas e seringas contaminadas, além do aleitamento materno.
Reunidos na Associação HTLVida, os portadores do vírus fazem encontros e buscam apoio um no outro para enfrentar a doença. Presidente da associação, o aposentado Francisco Daltro também é portador do vírus. Ele só recebeu o diagnóstico 18 anos depois de uma doação de sangue. Hoje, ele tem dificuldade de andar e precisa do apoio de muletas. “Tive vários diagnósticos, inclusive de esclerose lateral primária, e fiquei com esse diagnóstico durante muito tempo. Só através da doação de sangue que eu fiquei sabendo que tinha HTLV.
A pesquisadora Fernanda Grassi pondera que há casos em que famílias inteiras estão contaminadas pelos vírus, porque as pessoas não sabem que estão infectadas com a doença. “O HTLV ele tem uma característica importante que é a agregação familiar. Existem famílias inteiras contaminadas pelo vírus, porque as pessoas desconheciam o seu estado sorológico. Então são avós que passaram para as mães, mães que passaram para seus filhos. E isso, se a gente não testa, não pode romper essa cadeia de transmissão”, pontuou.
A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) começou a registrar os casos de HTLV em 2012. Até o ano passado, foram notificados quase 2500 casos de infecção do vírus. Desse total, 75% dos registros foi em mulheres, porque a pesquisa para o vírus faz parte do pré-natal. As gestantes infectadas recebem orientação médica para não amamentar os bebês, por conta da transmissão, como explica a coordenadora do programa de agravos da Sesab, Maria Aparecida Rodrigues.
“No parto e pós parto, essa mulher não deve amamentar esse bebê e ela deve ser orientada para isso já durante o pré-natal. Essa mulher recebe para esse bebê a fórmula láctea. Enquanto estado, nós adquirimos a fórmula láctea para atender os bebês, tanto filhos de mães com HTLV, como aquelas que são filhos de mães com HIV”, disse.
Apesar de ser parecido com o vírus HIV, o HTLV não destrói o sistema imunológico. Apesar disso, ele pode causar leucemia e problemas urinários e neurológicos.
Em geral, antes da doença aparecer, a pessoa não tem sintomas. A dona de casa Nivânia Pereira é a terceira geração da família que tem HTLV. Quando engravidou do filho, ela tomou todos os cuidados e não amamentou. O filho dela não foi infectado com o vírus. “É muito importante uma pessoa que tem o vírus do HTLV não amamentar”, alertou ela. Jornal da Chapada com informações de G1BA.