Embora as conversas divulgadas, na noite do último domingo (10), apontem que o então juiz Sergio Moro discutiu estratégias sobre o processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o procurador Deltan Dallagnol, o prefeito ACM Neto (DEM) não acredita que o conteúdo vá impactar no julgamento do petista. Após ser denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), Lula foi condenado por Moro pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, em São Paulo.
“Ela [a condenação] aconteceu de maneira absolutamente técnica e veja que, independentemente da decisão de primeira instância, a condenação foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e depois, em todos os recursos perante o STJ e o STF, ele não teve êxito”, analisa o prefeito em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (10). Para o democrata, o que deve ser analisado agora é se “o juiz e os procuradores atuaram dentro dos limites das suas competências legais”.
De acordo com a matéria do Intercept Brasil, que publicou os diálogos entre o juiz e o coordenador da Força-Tarefa da Operação Lava Jato, os dois eram próximos, o juiz aconselhava o procurador na condução das operações e até antecipou uma decisão. No caso de Lula, Dallagnol dividiu com Moro sua preocupação porque, nas suas palavras, a denúncia era muito baseada em “prova indireta”.
Quanto a esse relacionamento, ACM Neto prefere manter cautela ao se pronunciar. “Apesar da minha formação jurídica, eu não atuo na área há muitos anos, então eu não teria condições de fazer um julgamento, por isso é que eu estou dizendo: é fundamental ter cautela, ver, inclusive, se existem outras mensagens, se elas serão ou não reveladas para aí, dentro de um contexto mais amplo, fazer algum tipo de valor sobre o caso”, defende o prefeito.
Dada a repercussão do caso, ainda ontem, o MPF e o ministro da Justiça se pronunciaram. O órgão de investigação disse que os procuradores foram vítimas de uma ação criminosa e que as informações divulgadas foram tiradas de contexto. Já o atual ministro da Justiça e Segurança Pública disse que não há “qualquer anormalidade ou direcionamento” no conteúdo revelado. As informações são do Bahia Notícias.
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