Por Raquel Mello*
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o Brasil vive uma epidemia de ansiedade. De acordo com o órgão, nosso país possui o maior número de ansiosos do mundo: são 18,6 milhões de pessoas, o que representa 9,3% da população. As mulheres são as que mais sofrem: 7,7% das brasileiras são afetadas. Os afastamentos de profissionais por conta da doença custaram R$ 1,3 bilhão, em 2016, à Secretaria de Previdência. No mundo, há mais de 260 milhões de indivíduos com o transtorno.
Algumas questões relacionadas à saúde psíquica começam a aparecer após anos de trabalho. Caso falarmos da síndrome de burnout, isso é uma verdade, pois não aparece repentinamente como resposta a um estressor determinado. Ela emerge numa sequência determinada de tempo. Mas existem outros transtornos como depressão e ansiedade que são comuns nos trabalhadores brasileiros que não existe uma determinação de anos para ocorrer.
O trabalho atual está focado na transição da força física para a intelectual. O grande diferencial do trabalhador está na capacidade de resiliência e aprendizagem acelerada. É exatamente neste ponto que muitas empresas se perdem, com uma exigência intensa na questão emocional gerando uma pressão interna e um aumento de estresse, que pode levar aos transtornos psíquicos.
A saúde mental é responsável pela qualidade de vida, ou seja, o equilíbrio entre a vida profissional, que são os resultados e produtividade; a vida amorosa, relacionamentos amorosos; a vida familiar, que são questões ligadas ao relacionamento familiar; e a vida social, que é composta pelo relacionamento com amigos e comunidade. Sem equilíbrio o nosso senso de felicidade é diretamente afetado.
Nosso corpo nos dá sinais quando algo não vai bem. Existem sintomas fisiológicos e psicológico quando o trabalho está gerando ansiedade no colaborador. Nos sintomas fisiológicos, vemos falta de apetite, cansaço, insônia, dor na coluna, problemas digestivos, taquicardia, entre outros. Já nos sintomas psicológicos é comum perceber alta irritabilidade, frustração, falta de vontade de realizar tarefas, isolamento, fadiga emocional, entre outros.
A dificuldade de quem está passando por esse problema é exatamente identificá-lo, pois a maioria das pessoas acredita que é apenas uma fase de estresse intenso e que irá passar.
O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional e isso irá refletir em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, aumento de ansiedade e depressão, e sintomas físicos como dor de cabeça, cansaço intermitente, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, entre outros.
A partir do momento que existe prejuízo na vida devido ao trabalho, é hora de procurar uma avaliação. A base do tratamento para a ansiedade inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia.
Algumas estratégias para relaxar e diminuir os sintomas da ansiedade, além da psicoterapia, são a inclusão de atividades físicas, exercícios de relaxamento e mindfulness, que é a consciência plena. A técnica consiste em tratar experiências livre de julgamentos. Isso requer que você desenvolva suas próprias percepções sobre as situações, através de um conjunto de práticas, como técnicas de respiração e meditação.
*Raquel Mello é psicóloga Clínica com abordagem em Cognitivo Comportamental com foco em emoções, Coaching de bem-estar e carreira, Professora de pós-graduação, Palestrante e Escritora. É pós-graduada em Gestão Estratégica de Recursos Humanos e em Gestão Empresarial