Pelo menos 16 mil pescadores foram afetados, direta ou indiretamente, pelo derramamento de óleo nas regiões de Salvador, Itaparica, Vera Cruz e praias do Litoral Norte, até a divisa com Sergipe. É o que diz o órgão estadual Bahia Pesca. Segundo ele, os impactos diretos são a presença do óleo na área de pesca, que impedem a atividade pesqueira. Já o impacto indireto, se reflete na queda do volume de vendas do pescado, já que os consumidores estão mais cautelosos nas cidades atingidas pelo óleo. Técnicos da Bahia Pesca avaliam desde o início outubro, os impactos das manchas de óleo sobre a pesca e os trabalhadores.
Uma das ações definidas é a coleta de peixes e mariscos para análise laboratorial e envio de relatório à Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental do Estado da Bahia, que determinará se esse pescado é próprio para consumo ou se está contaminado. Segundo a Bahia Pesca, a coleta é realizada em quatro etapas. Na primeira, os técnicos da Bahia Pesca fazem a identificação das áreas afetadas pelo derramamento de óleo. Em seguida, visitam as comunidades pesqueiras que foram impactadas com esse óleo.
Segundo o órgão, as duas etapas ainda estão em andamento, já que novas manchas de óleo continuam chegando ao estado. As áreas de pesca que já foram vistoriadas ficam em Conde, Esplanada, Entre Rios, Mata de São João, Camaçari e Lauro de Freitas. A terceira etapa é a coleta dos indivíduos e entrega a um laboratório para que se faça a análise da segurança do consumo do pescado.
Essa etapa também está em andamento e deve ser finalizada até 1º de novembro. Serão coletados, segundo o órgão, quase 200 indivíduos em seis regiões do estado: Jandaíra (em rio Real), Conde (no rio Itapicuru), Entre Rios (rio Subaúma e rio Sauípe), Camaçari (rio Jacuípe), Lauro de Freitas (rio Joanes), Itapuã (no mar) e Santiago do Iguape (área de controle, não atingida pelo óleo).
Comércio
Os comerciantes que trabalham no Mercado do Peixe, em Salvador, reclamam que as vendas caíram mais da metade após o aparecimento das manchas de óleo nas praias. Eles dizem acreditar que os consumidores estão receosos de consumir os produtos com medo de alguma contaminação. “Com esse negócio desse óleo aí, caiu uns 60 a 70%. Eu mesmo estou, agora, comprando pouco, porque antes eu comprava 400, 500 quilos e agora estou comprando 100, 200”, disse o comerciante Marcio Freitas.
O que poucos consumidores sabem, no entanto, é que 90% dos peixes vendidos no local vêm de estados que não registraram a presença da substância, como Pará, Amazonas, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina. Boa parte das pescas produzidas na Bahia é artesanal e são feitas no litoral e na região do São Francisco. Jornal da Chapada com informações de G1BA.