Com a receita de R$ 50 mil proveniente de edital do governo da Bahia, além do suporte da prefeitura de Salvador na montagem de palco, som e iluminação, em Piatã, a organização do Palco do Rock busca apoio para viabilizar um show de Pitty este ano, em sua 26ª edição. O impasse se dá porque, de acordo com a produtora Sandra de Cássia, o valor do patrocínio estadual, por meio da Bahiatursa, já está comprometido para cobrir a contratação de cerca de 40 bandas e equipe técnica. Segundo ela, o governo já os “humilhou demais”.
O evento, que acontece entre 22 de 25 de fevereiro, com entrada gratuita, já fechou quase todas as atrações de seus quatro dias, mas aguarda uma resposta do poder público para que a roqueira baiana possa se apresentar pela primeira vez em sua programação. Segundo Sandra, os agentes de Pitty apresentaram uma proposta “muito boa”, abaixo do preço de mercado, que prevê custos de menos de R$ 100 mil por 2h de show, passagens aéreas para a equipe de 17 pessoas, hospedagem, traslado e cachê.
“O governo do estado está fora, a secretária de Cultura já mandou ofício estabelecendo o não. O único que acenou positivamente em sentar para conversar foi o secretário de Cultura do município”, relatou a organizadora do Palco do Rock, afirmando que Cláudio Tinoco se mostrou “muito simpático” e interessado em dialogar.
“Eles [o governo da Bahia] gastam milhões [no Carnaval], poxa, reserva um pouquinho pra gente! O rock só tem uma grande festa por ano, que é essa, e a gente não anda pedindo, não. São quase oito anos que a gente está aqui caladinho, mesmo que cordeirinho, recebendo R$ 50 mil, nos virando, fazendo das tripas coração, transformando o lixo em luxo”, protesta a produtora, lembrando que este ano o evento traz 10 bandas de outros estados, que receberão menos de R$ 1 mil cada, para se apresentar.
“Na hora de liberar para Carlinhos Brown, Sepultura e Angra, que não têm nada a ver com o estilo do Carnaval, e nem com o próprio Carlinhos Brown, teve a capacidade de liberar não sei quantos mil que ninguém quis saber pra divulgar. Agora, quando é o caso do Palco do Rock, qualquer dinheiro parece que é uma fortuna do mundo inteiro. E não é!”, comparou Sandra.
“Se você tiver que fazer qualquer coisinha pela gente é com Cláudio Tinoco. A gente não quer mais saber mais, porque o governo do estado já nos humilhou demais, sem nenhuma necessidade”, declarou, afirmando ainda que a gestão estadual “precisa ter sensibilidade política, mas não está tendo boa vontade”.
O site Bahia Noticias entrou em contato com a Bahiatursa, superintendência que concede o recurso para que o evento aconteça. A pasta confirmou que o valor destinado ao Palco Rock será o mesmo do ano anterior, mas salientou que todos os proponentes que “procuram [a pasta] são recebidos”.
Citada pela produção do palco, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) também foi procurada. De acordo com a pasta, a gestão teve conhecimento da situação através da produção do Palco do Rock, que informou sobre a tentativa de captação de verbas. Com a negativa do governo estadual e a “simpatia” do secretário de Cultura do município Cláudio Tinoco, uma campanha nas redes sociais do responsável pela pasta mobilizou internautas, que fizeram comentários com a hastag #PittyNoPalcoDoRock2020.
Em nota, a Secult esclareceu que “nenhuma tratativa foi feita até o momento entre a pasta e a equipe da cantora Pitty para o Carnaval de Salvador”. Ainda assim, fontes ouvidas pelo Bahia Notícias apontam que há interesse do secretário em buscar alternativas para tentar viabilizar a apresentação da cantora.
Diante da situação, a Secult salientou na resposta ao Bahia Notícias que “reconhece a importância da artista nacionalmente, especialmente para o gênero de rock, e se associa aos fãs que se mobilizam para trazer a sua apresentação para a nossa capital”. “Não só no Carnaval, mas em qualquer outro momento, é sempre bom receber a soteropolitana cantora Pitty na nossa cidade”, completou Tinoco. As informações são do Bahia Notícias.