O aviso partiu do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que classificou a possibilidade de apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro como uma “afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e interferência inadmissível de outro Poder” e que “poderá ter consequências imprevisíveis”.
A contundência do general em nota divulgada nesta sexta-feira (22) corresponde ao tom esperado por uma ala de militares da reserva, conhecidos como grupo “Agir”. Duas semanas atrás, três representantes desse núcleo – liderados pelo coronel Aristomendes Rosa Barroso Magno – encontraram o próprio Bolsonaro, pouco antes de seu pronunciamento em rede nacional naquela mesma noite.
Na audiência, além de solidariedade, os visitantes manifestaram ao presidente a decepção de setores da família militar pela forma moderada com que os comandantes das Forças Armadas vêm atuando na escalada da crise. Como diz o nome do grupo, composto por 100 generais e coronéis da mesma turma do ministro da Defesa, Fernando Azevedo da Silva, o que se espera é mais ação.
Instado a resumir o que entende por ação dos comandantes, Aristomendes Magno, oficial de Engenharia com 37 anos de caserna, explicou: “Cabe às Forças Armadas, como responsáveis pela manutenção das instituições, estabelecer um limites entre os poderes constituídos. Uma das atitudes seria garantir a posse do delegado Alexandre Ramagem na direção da Polícia Federal. Não entendo o posicionando até agora. O governo eleito é a representação da sociedade. Elas não podem fazer patrulhamento a favor do Governo, mas tem de defendê-lo”.
Grupos como o Agir, embora compostos por militares “de pijama”, como são chamados os oficiais da reserva ou reformados, expressam um sentimento que se espalha pela tropa, especialmente pelo jovem oficialato, para o tormento do Alto Comando do Exército, Marinha e Aeronáutica: a ideia de que, para preservar o poder delegado pela sociedade ao presidente, justifica-se jogar pesado contra Supremo Tribunal Federal (STF).
“O que os ministros do Supremo pensam que são? O presidente foi escolhido pelo povo. Não pode ser contido por decisões monocráticas. É um absurdo. Alguma postura precisa ser adotada”, queixou-se um major do Exército da ativa, que aceitou conversar em off com ÉPOCA.
Embora generais ocupem cargos do primeiro escalão do governo, incluindo a Defesa, quem tem a palavra final na chefia do Exército é o comandante, general Leal Pujol. Num raro pronunciamento público, no início da pandemia, ele disse em vídeo que as Forças Armadas estavam enfrentando “o maior desafio na nossa geração”.
Para especialistas, o forte tom do discurso, voltado especialmente para a família militar, destoou a posição do presidente, que no mesmo momento se referia ao Covid-19, em pronunciamento à nação, como gripezinha e resfriadinho.
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