O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, afirmou nesta quinta-feira (4) que a postura do governo federal de discordância em relação às medidas de isolamento social contribui para que o resultado do distanciamento seja abaixo do necessário para conter o avanço do coronavírus. A declaração foi dada durante seminário online promovido pelo partido e pelo seu braço de formação política, o Instituto Liberdade e Cidadania (Ilec).
“O nosso isolamento social é à moda brasileira, principalmente por dois motivos. Primeiro é a discordância do governo central, do próprio presidente (Jair Bolsonaro), em relação às medidas de isolamento. A postura do governo federal contribui para que o isolamento não tenha a eficácia e o resultado desejado”, afirmou ACM Neto.
“Em segundo estão as condições econômicas e sociais do Brasil. Não adianta imaginar que no nosso país, com a pobreza que temos, com a situação da periferia, principalmente das grandes metrópoles, vamos conseguir manter um isolamento como outros países conseguem fazer”, complementou o prefeito de Salvador.
O evento online teve por tema “Desafios da pós-pandemia para a gestão pública” e contou ainda com a participação dos prefeitos de Curitiba, Rafael Greca, e Florianópolis, Gean Loureiro; do governador do Tocantins, Mauro Carlesse; do ex-ministro da Educação e presidente do Ilec, Mendonça Filho; e da economista Ana Carla Abrão, responsável pelo plano de saída do isolamento de São Paulo.
Para ACM Neto, o padrão de retorno das atividades no Brasil deve levar em conta todas as especificidades do país. “Temos um país com dimensões continentais e com uma diversidade enorme entre os estados. Temos estados e regiões que estão em um estágios diferentes do coronavírus”, disse.
Ele pontua que o protocolo de retomada deve ter duas questões em mente: como e quando. “O desafio do como talvez seja muito mais fácil. Como vamos voltar, quais são as regras e critérios. Aqui em Salvador por exemplo adotamos um protocolo geral com padrões de higienização, distanciamento social. E definimos protocolos específicos adequados para cada um dos setores e atividades econômicas. É preciso ter muita segurança para autorizar atividades”, afirmou.
Ana Carla Abrão declarou, por sua vez, que o governo federal precisa sentar com governadores e prefeitos para montar um plano de recuperação. “Estados e municípios têm poucas ferramentas para apoiar a população lá na frente. Falta o governo federal coordenar com estados, municípios, Congresso e Judiciário um plano de recuperação. Podemos chegar a 18 milhões de desempregados, com queda do PIB de 8% a 9%. Estamos mancos no sentido de olhar a crise de maneira nacional”.
A economista disse ainda que o país precisa discutir uma reforma da administração pública. “Temos uma máquina pesada, ineficiente e muito cara. Estados, municípios e União gastam muito com pessoal. Servidores estão descontentes porque não têm condições de trabalho. Gasta-se muito e a população está desassistida do ponto de vista de qualidade dos serviços. Precisamos reinventar essa máquina que não está funcionando para ninguém”, frisou.
O governador do Tocantins, Mauro Carlesse, acredita que a retomada da economia vai passar pela geração de emprego e pela necessidade de medidas como a desburocratização. Ele destacou que, no Tocantins, adotou medidas restritivas necessárias, com apoio à população mais vulnerável e também auxílio a pequenas empresas e empreendedores.
Rafael Greca e Gean Loureiro relataram as medidas adotadas em suas respectivas capitais e sobre os planos e protocolos adotados para uma futura retomada da economia. Para eles, os protocolos devem considerar fundamentalmente as questões sanitárias, considerando os dados de contágio, e as condições de segurança para a população. As informações são de assessoria.