O anúncio feito pelo Ministério do Meio Ambiente de que vai suspender o combate ao desmatamento na Amazônia e às queimadas no Pantanal por falta de recursos gerou revolta em ativistas de causas ambientais e parlamentares que defendem a pauta nesta sexta-feira (28).
“Governo em franca implementação de sua promessa de campanha. Total desmonte do Ministério do Meio Ambiente e esvaziamento da política ambiental”, classificou a comunicadora Adriana Ramos, integrante do Instituto Socioambiental (ISA), em mensagem postada no Twitter.”Tinha Fundo Amazônia. Tem dinheiro da Lava Jato. Só não tem vontade de combater crime ambiental”, completou.
O ISA lançou a tag #SextouPraCriminalidadeAmbiental para criticar o desmonte. “Suspensos para o combate ao desmatamento ilegal:77 fiscais, 48 viaturas e 2 helic. do Ibama; 324 fiscais do ICMBio. Para queimadas: 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes e 4 helic. do Ibama; 459 brigadistas e 10 aeronaves do ICMBio”, detalhou a entidade.
O deputado federal Rodrigo Agostinho, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara e coordenador da Frente Ambientalista do Congresso, classificou a situação como “surreal”. “Surreal! O governo jogou a toalha na área ambiental”, tuitou.
Raoni Rajão, professor da UFMG e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais, questionou a motivação de que a interrupção ocorreu por falta de recursos. “Foram destinados R$ 2.6 bilhões do fundo da Lava Jato para a Amazônia. Além disso o Fundo Amazônia possui mais de R$ 50 milhões em um projeto já aprovado para apoiar o IBAMA. O problema não é falta de recurso, é falta de prioridade”, afirmou.
O biólogo André Aroeira deu destaque ainda a cerca de R$ 30 bilhões que estavam disponíveis para o ministério, desvinculados por Salles. “4 bilhões Conversão de Multas; 2,6 bi da Lava-Jato; 2,2 bi Fundo Amazônia; 1,8 bi Compensação Ambiental; 0,5 bi Fundo Clima. Esse era o recurso extraorçamentário disponível para o MMA 2019/20. Salles desfez esses mecanismos e agora anuncia um LIBEROU GERAL por falta de 60 milhões”, escreveu.
“O Fundo Amazônia é um projeto histórico, lindo, premiado mundialmente, consolidado e que já vinha cobrindo o rombo da LDO há anos. As demais são fontes recentes, uma resposta inovadora de brasileiros brilhantes à falta de recursos. O jogo poderia começar a virar. Salles entrou”, completou Aroeira.
O Observatório do Clima também reforçou que “é mentira que não haja dinheiro”. “O Ibama só gastou 20% do que tinha em caixa para fiscalização entre janeiro e julho. O ministério tem R$ 63 milhões EM CAIXA do Fundo Amazônia para o Ibama e mais R$ 37 mi da Lava Jato. Parece jogo combinado com o Planalto para dar a Jair Bolsonaro a desculpa perfeita para furar o teto de gastos e, ao mesmo tempo, isentar o ministro de responsabilidade pela explosão do desmatamento”, afirmou.
“Isso tudo SE FOR VERDADE, né. Estamos falando do governo Bolsonaro, que nega coisas publicadas no Diário Oficial e assinadas por ele. Jajá tiram a nota do ar, negam tudo e Salles solta o clássico “não é bem assim”, disse ainda a entidade.
O deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, também foi duro. “O presidente Jair Bolsonaro não compreende a Amazônia e sua importância estratégica para o desenvolvimento do Brasil. Por isso, viabilizava modelo de desenvolvimento predatório e insustentável. Esvaziar a capacidade dos órgãos de proteção é o caminho”, tuitou. As informações foram extraídas da Revista Fórum.