O coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Uru-Eu-Wau-Wau (FPEUEWW) da Fundação Nacional do Índio (Funai), Rieli Franciscato, 56 anos, morreu na última quarta-feira (9) após ser atingido no tórax por uma flecha disparada por indígenas isolados em Rondônia. As informações são da TV Globo e portal G1.
Segundo a Polícia Civil e a Associação Etnoambiental Kanindé, o caso aconteceu nas proximidades da Linha 6 em Seringueiras (RO). A Kanindé acrescentou que os indígenas isolados não sabem a distinção entre defensor e inimigo, reforçando que o território “está sendo invadido e os índios estão tentando sobreviver”.
Desde os anos 1980, Rieli era uma das grandes referências nos trabalhos de proteção aos indígenas isolados da Amazônia. O coordenador defendia o não contato com o grupo e atuava para evitar um conflito com a população local. Também fez parte da equipe que demarcou a primeira terra exclusiva para indígenas isolados.
Em um áudio, um policial amigo de Rieli narrou os momentos que antecederam a morte. Segundo ele, os indígenas não contactados apareceram próximos a um acesso viário. Ele e outra colega da corporação estavam de plantão e registraram a ocorrência de averiguação.
“O Rieli chegou aqui, pediu apoio pro sargento, se a gente poderia ir com ele lá, porque lá é uma área de conflito. O sargento liberou a gente pra ir, a gente foi. Quando a gente chegou lá onde eles apareceram, ele entrou em contato com a senhora dona da terra e perguntou se podia dar uma olhada por onde eles tinham vindo”, narrou o policial.
De acordo com o delegado de Seringueiras, Jeremias Mendes, os policiais, ao perceberem que estavam sendo atacados por flechas, se abrigaram atrás da viatura, “mas a vítima (Rieli) não conseguiu se abrigar a tempo. Quando cessaram os ataques, viram a vítima caída e já não havia indígenas”.
Antes, os policiais e Rieli haviam adentrado a região seguindo as pegadas dos indígenas. Quando chegaram na divisa, segundo o relato, viram a placa da reserva com aviso de entrada proibida. Então Rieli começou a subir um morro.
“A soldado Luciana estava atrás dele e eu um pouquinho atrás dela. A gente só escutou o barulho da flecha que pegou no peito dele aí ele deu um grito, arrancou a flecha e voltou pra trás correndo. Ele conseguiu correr de 50 a 60 metros e já caiu praticamente morto. Nosso amigo se foi, infelizmente”, narrou um policial que presenciou o ataque.
De acordo com boletim de ocorrência, o coordenador foi socorrido e levado por dois policiais militares ao Hospital Municipal de Seringueiras, mas acabou não resistindo e morreu.
A ambientalista e coordenadora da Kanindé, Ivaneide Bandeira, lamentou a perda. “Ele fundou a Kanindé junto comigo. É uma perda enorme aos indígenas e ao Brasil. A vida toda ele trabalhou com indígenas isolados”, declarou ela sobre Franciscato, que era de Alta Floresta (RO), estava desde 2007 na Funai, mas atuava como coordenador da FPEUEWW desde 2013. Com informações do G1.