Com o argumento de que o sistema eletrônico de votos seria suscetível a fraudes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na última segunda-feira (7), na saída do Palácio da Alvorada, que está “conversando com lideranças do Parlamento” sobre a possibilidade de implementar o voto impresso nas próximas eleições.
“Já estou conversando com lideranças no Parlamento. Quem decide o voto impresso somos nós, o Executivo, e o Parlamento. Ponto final. E, acima de nós, o povo, que quer o voto impresso” disse o governante, Jair Bolsonaro, que tem defendido a necessidade da comprovação.
Não há nenhuma evidência de que o método eletrônico seja suscetível a fraudes. As urnas são independentes e não ficam integradas em rede, o que, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), evita qualquer possibilidade de hackeamento.
No dia do segundo turno das eleições municipais, em 29 de novembro, Bolsonaro já havia sinalizado que faria da defesa do voto impresso uma bandeira do governo.
A urna eletrônica passou a ser usada no Brasil em 1996. Desde então, Bolsonaro foi eleito por esse método seis vezes: como deputado federal, em 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014, e como presidente, em 2018. Os três filhos políticos do presidente, Carlos, Flávio e Eduardo, também foram escolhidos em eleições via urna eletrônica.
O movimento em defesa do voto impresso vem ganhando força entre os apoiadores do presidente nas redes sociais e também entre deputados bolsonaristas. No último domingo (6), manifestantes se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para pedir o voto impresso.
Uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), que já tramita no Parlamento, estima que a impressão de um comprovante após a efetivação do voto na urna eletrônica custaria aos cofres públicos cerca de R$ 2,5 bilhões ao longo de dez anos.
Em setembro deste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) avaliou o assunto e decidiu pela inconstitucionalidade do voto impresso. O tema também tem sido repudiado pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, que deu declarações públicas de confiança no sistema eletrônico.
O ministro disse não ter controle sobre o “imaginário” das pessoas. “Tem gente que acha que a Terra é plana. Tem gente que acha que o homem não foi à Lua. Tem gente que acha que Trump venceu as eleições nos Estados Unidos”, disse Barroso.
Horas antes da fala de Barroso, Bolsonaro — que era entusiasta da campanha de Trump — havia enfatizado a tese de que a eleição nos Estados Unidos teria sido fraudulenta. “Tenho minhas fontes [que dizem] que realmente teve muita fraude lá. Isso ninguém discute. Se foi suficiente para definir um ou outro, eu não sei”. Jornal da Chapada com informações do UOL Política.