O Ministério da Defesa anunciou no início da tarde desta terça-feira (30) a saída dos comandantes das três Forças Armadas: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica). O feito, no governo Jair Bolsonaro (sem partido), não encontra precedentes na História do Brasil. A nota do Ministério da Defesa não revelou qual foi o motivo que levou à troca dos comandos das três forças e nem quem serão os substitutos.
Após longa reunião, que terminou no final da noite desta segunda-feira (29), com o demissionário ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) resolveram agendar para a manhã desta terça-feira (30) um encontro com o novo titular da pasta, general Walter Braga Netto, para informar da decisão.
A cúpula militar acompanhou a demissão de Azevedo e Silva, que caiu após se recusar a colocar as Forças Armadas a serviço de um Estado de Sítio que Bolsonaro pretende instaurar para impedir, entre outros, que estados e municípios decretem lockdown.
O ápice da crise entre Bolsonaro e Azevedo ocorreu no dia 19 de março, quando o presidente falou a apoiadores que “meu Exército não vai pra rua para cumprir decreto de governador” e ameaçou com “ação dura”, falando em “estado de sítio”, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitasse a ação que ele moveu contra decretos de restrição na Bahia, DF e Rio Grande do Sul.
Lula
Jornalistas com acesso direto a fontes do Palácio do Planalto afirmam que decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as condenações e devolveu os direitos políticos ao ex-presidente Lula, foi o principal motivo do rompimento definitivo de Bolsonaro com o comandante do Exército, que articulou a saída de seus pares na Marinha e na Aeronaútica.
Via general Fernando Azevedo e Silva, então ministro da Defesa, Bolsonaro teria cobrado de Pujol uma manifestação à lá Eduardo Villas Bôas, mas Pujol se recusou a entrar em um embate público sobre uma decisão da corte. Em 2018, o então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas foi ao tuite ameaçar o STF um dia antes do julgamento de um habeas corpus que poderia devolver a liberdade ao ex-presidente Lula.
Milícia
Ao oferecer o cargo para Braga Netto, o comando militar quer deixar um claro recado a Bolsonaro: de que as Forças Armadas não se aceitarão ser usadas como uma milícia em uma possível tentativa de golpe para manter o ex-capitão do Exército.
Braga Netto conhece como poucos o clã Bolsonaro, especialmente por ter liderado a intervenção federal no Rio de Janeiro entre fevereiro de 2018 e janeiro de 2019 justamente por causa da influência de milicianos na estrutura da segurança pública no estado.
Em 18 de fevereiro de 2020, Braga Netto assumiu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro e no rearranjo desta segunda-feira (30) foi alçado ao posto ocupado por Fernando Azevedo e Silva sob a promessa de cumprir ordens.
Três nomes
Caso os três comandantes das Forças Armadas deixem os cargos – em um feito inédito na História do Brasil – Braga Netto terá de apresentar três nomes para cada posto para escolha de Bolsonaro. Por tradição, os mais antigos de cada uma das forças, que tenham mais tempo de caserna, é o escolhido.
No Exército, o primeiro nome é do general de quatro estrelas da ativa é José Luiz Freitas. No entanto, o preferido de Bolsonaro é o general Marco Antônio Freire Gomes, de 63 anos, atual Comandante Militar do Nordeste e ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional no governo de Michel Temer.
Segundo informações de Malu Gaspar, no jornal O Globo, para a troca no comando da Marinha estaria certo o nome do Almirante Almir Garnier, atual Secretário-Geral do Ministério da Defesa. Na Aeronáutica ainda não há especulação de nomes. As informações do site da Revista Fórum.
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