Parlamentares protocolaram na tarde desta quarta-feira (30), na Câmara dos Deputados, o ‘superpedido’ de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de uma iniciativa histórica pois a peça que pede a retirada de Bolsonaro do poder é pluripartidária, reunindo deputados que vão de legendas da esquerda à direita. O pedido, que contém 271 páginas, vem sendo construído desde abril e o texto foi elaborado pela Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD). Além de parlamentares, assinam o documento movimentos sociais, associações religiosas entre outras entidades da sociedade civil.
“Esse pedido é resultado de um esforço plural, de sistematização e aglutinação de forças políticas e sociais de diversas matizes (…) A Constituição deixa claro que aquele que atenta contra a a própria Constituição comete crime de responsabilidade. O atual presidente está em curso de 23 hipóteses de crime de responsabilidades previstas em lei. Por essas razões, forças de diferentes campos políticos estão conjugadas para que esse pedido seja admitido e se instaure o processo com as cobranças das responsabilidades devidas de um governo que destrói instituições”, disse, em coletiva de imprensa na Câmara logo após o protocolo do documento, o advogado Mauro de Azevedo Menezes, da ABJD.
Na coletiva sobre o pedido de impeachment, inclusive, parlamentares que estão em polos políticos opostos dividiram o microfone para pregar união contra Bolsonaro. “É algo histórico que está sendo feito aqui. É uma causa suprapartidária e supraideológica”, disse, por exemplo, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), ao lado de nomes como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão.
O “superpedido” protocolado na Câmara unifica os 124 pedidos de impeachment que já tinham sido apresentados e inclui inúmeros supostos crimes cometidos por Bolsonaro, que vão desde a compra e incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a cloroquina, passando pelo desrespeito às instituições e chegando até a fatos descobertos mais recentemente, como as denúncias de corrupção no contrato para a compra da vacina Covaxin e o suposto pedido de propina feito por integrante do Ministério da Saúde a uma empresa interessada em vender o imunizante Oxford/Astrazeneca.
“Essa é uma unidade contra a barbárie. É o momento de derrocada desse governo”, afirmou, na mesma coletiva de imprensa, Douglas Belchior, representando a Coalizão Negra por Direitos. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PR), destacou que a saída de Bolsonaro da presidência já é uma vontade popular que vem sendo expressada nas grandes manifestações de rua contra o titular do Planalto. Os próximos atos contra o presidente estão marcados para acontecer em centenas de cidades do Brasil e do mundo no próximo sábado (3). A redação é do site da Revista Fórum.
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