Três policiais militares e dois empresários foram presos, na manhã desta quarta-feira (21), sob suspeita de matar o empresário Paulo Grendene. As prisões aconteceram em uma ação realizada nas cidades de Barreiras, Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia, no oeste da Bahia. Em junho desta ano, a vítima foi assassinada a tiros em uma emboscada, após denunciar um esquema de grilagem investigado na Operação Faroeste.
Os cinco foram detidos por mandados de prisão, cumpridos pela Polícia Civil. Um sexto homem, que também é investigado pelo crime está sendo procurado pela polícia, segundo a delegada Rogéria Araújo, diretora do Departamento de Polícia do Interior (Depin). “Ainda temos mais um dos alvos, que não foi localizado, mas a equipe está na rua. Esperamos cumprir totalmente esses mandados, além de 11 mandados de busca e apreensão que já foram feitos com apreensão de arma de fogo e aparelhos eletrônicos para serem encaminhados para a perícia”, disse.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a polícia apreendeu oito armas de fogo, três carros e um moto usadas para cometer homicídios, além de porções de maconha e munições. Dois alvos de cumprimento de mandado de prisão também foram autuados em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Além dos mandados de prisão, são cumpridos outros de busca e apreensão. A ação é um desdobramento da Operação Faroeste, que investiga um esquema de venda de sentenças judiciais e grilagem de terras envolvendo a cúpula do Judiciário na Bahia.
Operação Faroeste
A Operação Faroeste foi deflagrada no final de 2019 e tinha, inicialmente, o objetivo de investigar a existência de uma organização criminosa formada por magistrados e servidores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), além de advogados, empresários e intermediários. Conforme o MPF, a atuação do grupo envolve atuação de comercialização de sentenças judiciais para favorecer grilagem de terras no oeste da Bahia. Nos meses seguintes, porém, outros esquemas foram descobertos e continuam sendo investigados.
Cronologia da Operação Faroeste
A primeira fase da Operação Faroeste ocorreu em 19 de novembro de 2019, com a prisão de quatro advogados, o cumprimento de 40 mandados de busca e apreensão e o afastamento dos seis magistrados. No dia 20 de novembro de 2019, a Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) instaurou procedimento contra os magistrados do TJ-BA. Três dias depois, a Polícia Federal prendeu o juiz Sérgio Humberto de Quadros Sampaio, da 5ª vara de Substituições da Comarca de Salvador, em um desdobramento da Operação Faroeste.
Em 29 de novembro de 2019, a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foi presa. Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), Maria do Socorro estaria destruindo provas e descumprindo a ordem de não manter contato com funcionários. Indícios sobre isso foram reunidos pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF). Em dezembro de 2019 foi iniciada outra fase batizada de Estrelas de Nêutrons, quatro mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o objetivo de obter provas complementares da possível lavagem de ativos. Os alvos foram um joalheiro e um advogado.
°Em março de 2020, ocorreu outra fase da operação. A desembargadora Sandra Inês foi presa na época.
°Em abril de 2020, a desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli Azevedo foi exonerada do cargo de Supervisora do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec).
°No início de maio de 2020, a Corte Especial do STJ decidiu tornar réus quatro desembargadores e três juízes do TJ-BA alvos da Operação Faroeste.
°Em dezembro do mesmo ano, ex-cantora da banda Timbalada, Amanda Santiago, filha da desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foi um dos 35 alvos de mandados de busca e apreensão da nova etapa da Operação Faroeste.
°Em janeiro de 2021, a desembargadora Lígia Ramos, seus filhos Arthur e Rui Barata, e mais três advogados foram denunciados pelo MPF, por organização criminosa.
°Em junho de 2021, foi preso em Barreiras um homem suspeito de pedir propinas em nome do juiz Sérgio Humberto de Quadros Sampaio, investigado na operação.
°Ainda em junho, um agricultor que denunciou esquema de grilagem na Operação Faroeste foi assassinado em Barreiras.
°No dia 22 do mesmo mês, o STJ revogou prisão da desembargadora Lígia Ramos.
°Em 24 de junho, o STJ determinou a manutenção da prisão de desembargadora Ilona Reis, após pedido da PGR.
°No dia 30 de junho, o STJ revogou as prisões de Maria do Socorro Santiago e Ilona Márcia Reis, além de outros três acusados.
°No mesmo dia, o MPF divulgou que o juiz Sérgio Humberto mantinha ‘arsenal de aparelhos eletrônicos’ mesmo preso.
Em cinco de julho, o MPF apresentou nova denúncia contra 16 pessoas pelo esquema.
°No dia 12 do mesmo mês, o MP denunciou o juiz Sérgio Humberto, advogados e empresário por corrupção e lavagem de dinheiro. A redação é do site G1 BA.