A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil ameaçam deixar a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entidade que representa os bancos no país, caso ela oficialize adesão a um manifesto articulado por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O documento, que ainda está sendo redigido e que deve ser publicado nos próximos dias, mostra preocupação com a escalada da crise entre os Poderes, pede pacificação e defende as reformas.
O ministro Paulo Guedes (Economia), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão cientes do movimento dos bancos públicos. Nos últimos dias, Skaf enviou a entidades e sindicatos mensagens pedindo assinaturas ao manifesto.
No texto, segundo antecipou o Painel S.A., ele diz que “mais do que nunca, o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Executivo e Judiciário e ações para superar a pandemia e consolidar o crescimento econômico e a geração de empregos”.
Segundo pessoas que acompanham a elaboração do documento, nenhum poder é citado especificamente, mas todos, simultaneamente. A Folha apurou que as versões redigidas até o momento não citam o presidente ou qualquer outra autoridade.
No início da semana passada, Caixa e o BB comunicaram a decisão de deixar a Febraban, caso ela assinasse o documento. Ainda assim, no fim da semana, a entidade pôs em votação o tema, e a maioria aprovou a adesão. Tão logo o documento seja divulgado, Caixa e BB oficializam a saída da entidade.
Caixa e BB questionam que a Febraban não se posicionou da mesma maneira em outros momentos da história recente, como no caso do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) ou da Operação Lava Jato.
A avaliação é que, ao aderir a um documento que fala em crise institucional, a entidade estaria abrindo oposição ao governo Bolsonaro e se equiparando a um partido político —o que é qualificado como absurdo na alta gestão dos bancos públicos.
A mobilização de Skaf ocorre no momento em que Bolsonaro trava sucessivos embates políticos, especialmente contra o Judiciário, e enquanto seus apoiadores organizam uma grande mobilização a favor do governo, marcada para o dia 7 de setembro. Com informações da Folha de São Paulo.