As festas do tipo ‘paredão’ se tornaram muito populares na Bahia, especialmente durante a pandemia. Neste período, a principal preocupação era em relação às aglomerações e a propagação do coronavírus. Porém, no dia 13 de outubro, um ataque armado durante uma festa desse tipo matou seis pessoas e deixou outras 12 baleadas. Um dia depois, o governador da Bahia, Rui Costa, anunciou a proibição das festas ‘paredão’ em todo o estado.
As festas são caracterizadas por sons potentes colocados em porta malas de carros. Somente na Bahia, mais de 2.500 festas clandestinas ou irregulares foram encerradas pela Polícia Militar no estado entre janeiro e a setembro deste anos. Porém, as festas também são responsáveis por movimentar a economia especialmente em bairros periféricos.
Por tudo isso, apesar da comoção pelo crime, a decisão do governador tem causado polêmica. O mestre em educação e ativista do movimento negro Raimundo Nascimento, e o major da PM, Carlos Vinícius, que é subcomandante do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE) falou sobre o tema, na coluna ‘Eu te Explico’ do portal g1 Bahia.
“As reuniões e festas com fechamento de ruas sempre existiram com regramentos. Neste momento com a redução dos índices da pandemia, está permitido festas com reuniões de pessoas, mas o que é preciso destacar é o regramento para eventos públicos, que sempre existiu. Há um decreto de Salvador de 2013 que estabelece regras para essa festa, entre as regras está a comunicação para a Polícia Militar”, disse o major Carlos Vinícius.
Logo após o ataque armado do bairro do Uruguai, o comandante da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho afirmou que muitas das festas são patrocinadas pelo tráfico de drogas. As palavras do comandante foram alvos de críticas por uma possível generalização.
“A palavra do nosso comandante trouxe a clareza de que há eventos que são ligados a grupos criminosos. E ter essa clareza nos dá a possibilidade de atuar de maneira adequada àquela ocorrência”, defende o major Carlos Vinícius.
Mestre em educação e ativista do movimento negro Raimundo Nascimento considera as festas do tipo ‘paredão’, como mais uma ferramenta de jovens periféricos em um processo de reinvenção diante de um estado que não atende a essa juventude.
“Os paredões integram um processo histórico de nossa juventude negra que precisou se reinventar em todas não só na cultura. Eu considero o paredão como mais uma tecnologia social para enfrentar o vazio que o estado brasileiro nos impõe”, disse.
“Acredito que o poder público pode abrir espaços públicos gratuitos com horário definido para que a população tenha oportunidade de acesso à cultura e ao lazer. A juventude periférica tem dificuldade de ir ao centro por transporte, por tudo. A presença do poder público nessas regiões é apenas a polícia”, critica Raimundo.
“Há um conjunto de elementos que precisam ser regulados. É preciso alternativas apresentadas pelo poder público que permitam uma convivência mais harmônica”, defende o ativista. Com informações do g1 Bahia.