O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (Republicanos), em mais uma declaração infeliz, disse, nesta segunda-feira (20), que a morte do jornalista britânico Dom Phillips, assassinado junto com o indigenista brasileiro Bruno Pereira, na Amazônia, foi “efeito colateral” e que ele “entrou de gaiato nessa história”.
“A polícia está tentando apurar e já prendeu os principais suspeitos, ali identificaram as causas das mortes, já localizaram a embarcação. Só resta saber se há um mandante. Dom entrou de gaiato nessa história, foi dano colateral”, acrescentou.
Ele também afirmou que concorda com a conclusão da Polícia Federal (PF) de que os assassinos atuaram sozinhos. Porém, destacou que “se há um mandante, é comerciante da área que estava se sentindo prejudicado pela ação principalmente do Bruno”.
“Essas pessoas aí que assassinaram, provavelmente, os dois são ribeirinhos, gente que vive também ali no limite de, vamos dizer, ter acesso às melhores condições de vida. Vivem da pesca. Essa é a vida do cara. Mora numa comunidade que não tem luz elétrica 24 horas por dia, é gerador. Quando tem combustível, o gerador funciona, quando não tem, não funciona. Então, é uma vida dura”, disse o vice-presidente.
Para completar, Mourão afirmou que os assassinatos foram efeito de uma emboscada e comparou as mortes brutais de Dom e Bruno com crimes que acontecem diariamente em Brasília.
“Na minha avaliação deve ter ocorrido que o suspeito bebe, se embriaga, como acontece na periferia das grandes cidades. Aqui em Brasília a gente sabe. Todo final de semana tem gente morta a facada, tiro, normalmente fruto de quê? Da bebida, né? A mesma coisa deve ter acontecido”, concluiu.
Senado cria comissão temporária para acompanhar investigações do caso Bruno e Dom
O Senado instalou, nesta segunda-feira (20), a Comissão Temporária Externa para investigar, in loco, as causas do aumento da criminalidade e de atentados na região Norte, isso por causa dos assassinatos do servidor da Funai Bruno Pereira e do jornalista britânico, Dom Phillips.
A Comissão será presidida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a vice-presidência será ocupada pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES). O colegiado vai trabalhar juntamente com a Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
Nesta quarta-feira (22) serão realizadas duas audiências públicas que irão abrir os trabalhos da Comissão antes da realização do trabalho de campo no Amazonas. As 10 horas, representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). No período da tarde, às 14 horas, o ministro da Justiça, Anderson Torres, será ouvido. Com informações da Revista Fórum.