O ator e diretor Lázaro Ramos está em Salvador, reencontrando seus antigos companheiros do Bando de Teatro Olodum, para darem continuidade às histórias dos personagens de Ó paí, ó, um grande sucesso do grupo baiano, que foi adaptado para o cinema e a televisão.
O filme Ó paí, ó 2 está sendo gravado no Centro Histórico de Salvador, atualizando as aventuras do cantor Roque (vivido por Lázaro Ramos), Dona Joana (Luciana Souza), o casal Reginaldo (Érico Brás) e Maria (Valdineia Soriano), a Baiana (Rejane Maia), Seu Matias (Jorge Washington), Dona Raimunda (Cássia Valle), Yolanda (Lyu Árison), Neusão (Tânia Toko), Psilene (Dira Paes), Lúcia (Edvana Carvalho) e outras divertidas figuras que habitam o Pelourinho.
Se somam ao elenco do Bando de Teatro Olodum outros artistas convidados, como Luis Miranda, Ricardo Oshiro e Clara Buarque. A musicalidade da Bahia continua dando a tônica do filme, com destaque para as heranças africanas preservadas na música baiana. Participam de Ó paí, ó 2, os cantores Russo Passapusso, Margareth Menezes, Tiganá Santana, Guiguio Shewell (ex-Ilê Aiyê), Pierre Onassis (ex-Olodum), Nininha Problemática, o grupo Attooxxa a cantora Alana Sarah, conhecida como A Dama do Pagode, grande revelação da cena atual com o hit Soca Fofo.
Longa tem direção negra, feminina e baiana
A direção da sequência de Ó paí, ó está sob responsabilidade da cineasta e roteirista baiana Viviane Ferreira, nome de destaque no cenário cinematográfica brasileiro, desde que seu filme “O Dia de Jerusa”, de 2013, representou o Brasil na mostra Short Film Corner do Festival de Cannes, em 2014.
Em 2020, ao lançar o filme Um Dia Com Jerusa, baseado no curta e estrelado por Léa Garcia e Débora Marçal, Viviane Ferreira passou a ser a segunda mulher negra no Brasil a dirigir individualmente um longa-metragem de ficção. Fundadora da Odun Filmes e da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), Viviane foi presidenta do Comitê Brasileiro de Seleção do Oscar 2021, que elegeu o filme para representar o Brasil na disputa em Hollywood.
O roteiro de Ó paí, ó 2 foi escrito por Elísio Lopes Jr, Daniel Arcade, Igor Verde e Viviane Ferreira com colaboração de Luciana Souza, Bando de Teatro Olodum e Rafael Primot, e pesquisa de Dodô Azevedo. A música tema do filme é do músico e compositor Jarbas Bittencourt e as coreografias de José Carlos Arandiba, o Zebrinha, ambos diretores artísticos do Bando de Teatro Olodum. A produção do longa-metragem marca a volta da DUETO Produções ao lado da Casé Filmes em parceria com a Globo Filmes e H2O Films.
Originalmente criada em 1992, pelo Bando de Teatro Olodum e o diretor Márcio Meirelles, como espetáculo teatral, a saga dos divertidos moradores do Pelourinho ganhou as telas de cinema em 2007, com direção de Monique Gardenberg. Depois, a história foi adaptada para série da tevê, exibida pela Rede Globo em duas temporadas, 2008 e 2009, com roteiro de Guel Arraes, Jorge Furtado e Bando de Teatro Olodum e direção de Monique Gardenberg, Mauro Lima, Carolina Jabor e Olívia Guimarães.
Filme denuncia problemas sociais com humor e música
Nesta sequência, mais de uma década se passa desde a morte trágica dos dois filhos de Dona Joana, em uma ação violenta da polícia, em pleno Carnaval de Salvador. Enquanto vive o luto pela perda, a religiosa continua enfrentando os problemas na convivência com os inquilinos do seu velho cortiço no Pelourinho, que serve de moradia para a maioria dos personagens.
A trama de Ó paí, ó 2 marca a passagem do tempo com a presença das crianças, agora adolescentes, filhos dos atrapalhados moradores, como Salvador (João Pedro), filho de Roque; Michelangelo (Pedro Amorim), filho de Dona Maria e Reginaldo; e Gisela (Ariele Pétala), filha de Yolanda e Neusão, entre outros jovens.
Como marca consolidada do Bando de Teatro Olodum, a narrativa de Ó Paí, ó traz o humor popular característicos das ruas da Bahia para tratar de temas sérios do cotidiano do povo pobre, em sua maioria negra, como o racismo, a especulação imobiliária, a violência policial, a dificuldade de moradia, de mobilidade e de emprego.
Bando de Teatro Olodum
O Bando de Teatro Olodum é a companhia de teatro negro de maior visibilidade na história das artes cênicas na Bahia e uma das mais consolidadas do país, que há 32 anos ininterruptos defende um projeto de expressão negra coletiva nas artes cênicas, tendo as atrizes e atores negros como protagonistas das suas narrativas.
Entre os grandes sucessos da companhia estão: Ó Paí, ó, que ganhou versão para o cinema e uma série na tevê; a revista musical Cabaré da Rrrraça; a premiada versão afro-baiana para o clássico de Shakespeare Sonho de Uma Noite de Verão; a celebração à ancestralidade negra Bença e o infantil Áfricas, que contagia adultos e crianças.
Além dos mais de 20 espetáculos já montados e de incursões no cinema e na televisão, o Bando leva o público à reflexão sobre os temas abordados em oficinas, debates e encontros com grupos de performances negras, contribuindo para a formação de novos talentos das artes cênicas, comprometidos com a valorização da cultura afro-brasileira.
Fundado em 17 de outubro de 1990, em Salvador, o Bando de Teatro Olodum é fruto de uma parceria entre o Grupo Cultural Olodum e artistas do teatro baiano (Márcio Meirelles, Chica Carelli, Maria Eugênia Millet e Leda Ornelas), que convocaram artistas negros, alguns sem experiências com as artes cênicas, outros com histórico de militância política e cultural na periferia da cidade.
A motivação principal do Bando sempre foi a valorização das artes negras e a denúncia contra o racismo e os diversos preconceitos da sociedade, que se consolidou em uma experiência de performance negra referência para outros artistas e companhias do Brasil.
Atualmente a companhia possui uma coordenação colegiada, formada por atores, que atuam também como produtores, e os diretores artísticos: o coreógrafo Antônio Carlos Arandiba, Zebrinha e o músico Jarbas Bittencourt. Com informações de assessoria.
Serviço
Filme: Ó paí, ó 2
Direção: Viviane Ferreira
Roteiro: Elísio Lopes Jr, Daniel Arcades, Igor Verde e Viviane Ferreira, com colaboração de Luciana Souza, Bando de Teatro Olodum e Rafael Primot. Pesquisa de Dodô Azevedo.
Elenco: Lázaro Ramos, Luciana Souza, Érico Brás, Lyu Árison, Tânia Toko, Dira Paes, Edvana Carvalho, Luis Miranda e Bando de Teatro Olodum: Valdineia Soriano, Rejane Maia, Cássia Valle, Fábio Santana, Merry Batista, Jorge Washington, Shirley Silva, Naira da Hora, Renan Mota, Leno Sacramento, Gerimias Mendes, Jamile Alves, Ella Nascimento, Cell Dantas, Ednaldo Muniz, Sergio Laurentino, Ricardo Oshiro, Clara Buarque, Thiago Marinho, Vinícius Nascimento, Pablo Pereira, Luh Maza, Lázaro Machado, Gabriela Ávila e os adolescentes: João Pedro, Gian Pedro e Ariele Pétala.
Participações especiais: Margareth Menezes, Russo Passapusso, Nininha Problemática, Attooxxa, Tiganá Santana, Guiguio Shewell, Pierre Onassis e A Dama do Pagode.
Coreografias: José Carlos Arandiba, Zebrinha.
Música Tema: Jarbas Bittencourt.
Produção Musical: Luiz Brasil
Produção executiva: Clarice Philigret e Cláudia Reis
Produzido por: Augusto Casé, Carlos Martins, Jeffrey Neale e Monique Gardenberg.
Produtora Associada: Sara Silveira
Produção: Casé Filmes e Dueto Produções
Coprodução: Globo Filmes e H2O Films