Para o governador Rui Costa (PT), as operações realizadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) geraram um prejuízo eleitoral para a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que não serão recuperados. A PRF realizou neste domingo (30) de segundo turno uma série de operações em estradas federais nas proximidades de cidades do interior de estados do Nordeste. A região tem maioria de eleitores de Lula.
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), proibiu em decisão no sábado (29) a realização de qualquer operação pela PRF contra veículos utilizados no transporte público de eleitores. Costa afirma que ele e outros petistas do estado estão mobilizando uma repescagem de eleitores, tentando avisar o máximo número possível de pessoas que as ações da PRF foram interrompidas e agora é possível pegar ônibus e votar. No entanto, diz, o estrago não deve ser totalmente revertido.
“Estamos nessa repescagem, nessa tentativa de avisar o eleitor que ele pode votar. Não sei quantos nós vamos conseguir recuperar, com certeza não será 100%, não sei se recupera metade”, afirma Costa à reportagem. “É lamentável esse tipo de situação. Esse tipo de coisa acontecia às vezes em eleição municipal. Nunca vi uma ação como essa coordenada por um governo federal, utilizando recursos e coordenação nacional”, completa.
Costa ilustra sua percepção com relatos de eleitores de zonas rurais da Bahia que fazem longos deslocamentos para votar e moram em regiões afastadas. “A Bahia é um estado grande, então tem uma parcela da população rural que não é concentrada em distritos, muito dispersa. As pessoas que vão votar saem das casas às 4h da manhã para se dirigir ao distrito mais próximo, onde vão pegar o transporte. Vão de cavalo, carroça, carona, e chegando no distrito vão pegar o ônibus e se dirigir ao local de votação”, diz.
“Eles foram parados pela PRF, que fez um pente fino, bloqueando as passagens e mandando os ônibus voltar. Se estavam com problema, os ônibus deveriam ser apreendidos. Estranhamente, não deixaram presos. Se tivessem sido apreendidos, o povo ficaria ali no posto e pegaria o próximo ônibus. Mas mandaram voltar ao distrito de origem, o que não condiz com operação policial”, argumenta.
Segundo Costa, depois que esse eleitor volta para casa sem votar, é difícil avisá-lo de que pode se dirigir ao local de votação porque as ações da PRF pararam. “Depois do ocorrido, fica difícil informar o eleitor de que ele pode voltar e votar. Quem mora nos distritos é mais fácil, manda um carro para avisar. A população mais dispersa, que tem que se dirigir dezenas de quilômetros até o distrito para pegar um ônibus até o local de votação, essa não vota mais”, afirma o governador. As informações são do Folhapress.