O trauma europeu persiste e vai nos assombrar por mais quatro anos. Depois de 120 minutos e prorrogação eletrizante, que acabou em 1 a 1, o Brasil perdeu nos pênaltis para a Croácia está fora da Copa do Mundo. Mais uma vez, o filme que vem desde 2006 se repetiu, com pequenas mudanças no roteiro. E, nos pênaltis, levamos a pior e perdemos por 4 a 2.
Nas cobranças, Vlasic, Majer, Modric e Orsic fizeram para a Croácia. Do lado brasileiro, porém, Rodrygo errou o primeiro chute e, apesar dos gols de Casemiro e Pedro, Marquinhos mandou a última batida na trave e decretou a eliminação nas quartas de final.
Foi tenso o primeiro tempo. Tão tenso que passou voando. Muito pelas dificuldades que o Brasil teve. A Croácia marcou, fechou espaços e tirou nossas linhas de passe. Encurtou o campo a 40 metros e ali empacotou o Brasil com suas camisas quadriculadas vermelha e branca. Fosse um presente, estava ali o embrulho. Só que não era presente.
Com a bola, os croatas jogavam como sempre fizeram as seleções da região dos Bálcãs. Lá atrás, quando todos eram uma Iugoslávia, tinham na Europa o rótulo de Brasil do continente. Sempre formaram times muito técnicos.
Acrescente-se a essa Croácia uma tranquilidade que parecia inabalável. Modric pegava a bola e parecia estar em Zagreb, passeando, ou nas areias de Split, novo destino de férias e badalação no Mar Adriático. Kovacic saía de trás e avançava com a certeza de quem chegará ao destino. Perisic, na esquerda, partia firme para cima de Militão.
Não foi um bom primeiro tempo. Por que quem teve o controle do jogo foram os croatas. Kovacic, companheiro de Thiago Silva no Chelsea, era uma sombra de Paquetá. Como Modric ou Brozovic marcavam Casemiro e nossos quatro atacantes estavam bem vigiados, a bola rodava e voltava para os pés de Marquinhos e Thiago.
Não que isso seja ruim, os dois já mostraram qualidade de passe de camisa 10. O problema é que eles não tinham para quem passar. Quando acionavam Vini, antes de ele tocar o pé na bola havia três sujeitos quadriculados na volta dele. Três, em fila. O que fazia a bola voltar para a defesa.
Assim, o jogo ficou de intermediária à intermediária. O Brasil girava, buscava espaço e perdia. A Croácia assumia e, com jogadas rápidas, encontrava espaço. Principalmente, pela direita, com Juranovic sempre livre, longe dos olhos de Vini. Foi por isso que Danilo levou cartão amarelo ao cortar a bola em golpe de taekwondo.
A partir desse lance, aos 24, os croatas passaram a forçar mais por ali. O ponto positivo é que eles faziam jogo modelo prorrogação e pênaltis. Mesmo tendo mais a bola e controlando, não chutaram a gol. O que o Brasil fez. Principalmente, quando Neymar saiu da posição e veio buscar a bola atrás.
Aos 19, ele combinou com Vini, que chutou fraco. Aos 22, em bola alçada na área, Lovren tirou mal, Neymar tocou para Casemiro, e o chute saiu desviado. Ainda teve uma falta cobrada por Neymar. Com todo o respeito, meu filho de nove anos bateria mais forte.
Assim, o primeiro tempo foi tenso, mas sem emoção. A torcida brasileira, excitada e em bom número, nem quis saber de intervalo. As luzes se apagaram, a música eletrônica veio rasgando e nada de o povo se animar.
Segundo tempo de pura tensão
Menos mal que o Brasil voltou animado. Aos dois, Raphinha, em sua primeira ação ofensiva no jogo, tocou para Paquetá. Ele cruzou e quase Lovren fez contra. Em seguida, Richarlison disputou com Juranovic. A bola bateu no braço dele. O VAR revisou e avisou: “Segue o jogo”.
Havia mais animação, graças a Deus. Aos nove, Richarlison fez pivô de futsal e tocou para Neymar. Livre, só ele e o goleiro. E ele perdeu. O que só aumentou a angústia. Neymar perder gol assim não é bom presságio. Tite colocou Antony e tirou Raphinha, quase sumido. Depois, trocou Vini por Rodrygo.
O Brasil ganhou mais gás. Os dois guris entraram impetuosos. Paquetá, aos 20, entrou área adentro e parou em Livakovic, a esta altura já o nome do jogo. Aos 31, ele parou o arremate de Neymar de dentro da área.
Aos 35, em jogada de Antony e Rodrygo, ele defendeu chute de Paquetá. Tite apostou em Pedro. Não resolveu. O jogo para a Croácia, como sentimos na pele, tinha 120 minutos. Ela passou uma hora e meia sem chutar a gol. E assim fomos à prorrogação. Tensos, com um piano em cada ombro.
Prorrogação com empate
A prorrogação foi na mesma nota do segundo tempo. O Brasil tentando, a Croácia especulando. Em contra-ataque, Vlasic deixou Brozovic livre. Por sorte, ele chutou alto.
Aos 15, enfim, a barreira Livakovic veio abaixo. Marquinhos recebeu, Neymar veio pegar na intermediária. Pelo meio, ele foi. Tocou em Rodrygo, recebeu. Tocou em Paquetá, recebeu, já na área. Driblou o goleiro e colocou forte, no alto da rede. Parecia que acabaria ali a angústia.
Só que essa Croácia é resiliente. Aos 11 do segundo tempo, em contra-ataque, Orsic tocou para Petkovic na entra da área. Ele chutou. O desvio na bola impediu Alisson de chegar. Eram o 1 a 1 e aflição dos pênaltis. Com informações do GZH.