Circula pelo WhatsApp uma publicação dizendo que o homem que destruiu o relógio dado de presente a Dom João 6º, em 1808, durante os atos golpistas no dia 8 de janeiro em Brasília, seria integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A foto mostra o criminoso que foi flagrado quebrando a peça rara e também outra imagem de um homem com a camiseta do MST, sugerindo que se trata da mesma pessoa. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. “O bandido que quebrou o relógio de Dom João 6° trazido ao Brazil em 1808”, diz a legenda de foto que circula no WhatsApp.
A informação analisada pela Lupa é falsa. O homem que foi flagrado quebrando o relógio raro dado de presente a Dom João 6º, em 1808, não é a mesma pessoa que aparece usando a camiseta do MST. O autor do ataque ao relógio foi identificado como Antônio Cláudio Alves Ferreira, tem 30 anos, e é morador da cidade de Catalão, a cerca de 260 km da capital de Goiás. Ele foi preso nesta segunda-feira (23), em Uberlândia (MG).
Em nota, a assessoria de imprensa do movimento desmentiu que o invasor do Palácio do Planalto e o jovem sejam a mesma pessoa. O texto afirma que a pessoa associada ao criminoso é militante do MST do Paraná, estudante e mora com a família em um acampamento.
Ainda ressalta que sua identidade será preservada para evitar “um risco ainda maior à sua imagem”. “É uma montagem grosseira, que mostra, mais uma vez, a utilização da mentira como uma das principais armas da extrema-direita brasileira”, afirma trecho da mensagem.
Além disso, na própria peça desinformativa, é possível verificar que ele possui características faciais que o diferenciam do integrante do MST, principalmente as sobrancelhas.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o curador dos acervos do Palácio do Planalto e do Palácio do Alvorada, Rogério Carvalho, informou que a peça rara pode ter sido um presente do rei da França Luís 14 ou uma compra da corte portuguesa.
O relógio foi desenhado por André-Charles Boulle e fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no final do século 17. Ela é uma das duas peças de Martinot existentes. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França e possui metade do tamanho do relógio destruído. Com informações do Folhapress.
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