“Eu espero respostas e acredito que ela ainda vai aparecer”, diz Célia Pires, de 57 anos, mãe de Beatriz Pires, de 25 anos, desaparecida desde 11 de janeiro deste ano. Ela convive com a esperança de que a filha retorne para casa, no município de Barra da Estiva, na Chapada Diamantina.
Beatriz Pires desapareceu quando estava grávida de seis meses e tem um filho de 2 anos. Ela foi vista pela última vez ao entrar no carro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. De acordo com a delegacia da cidade, o veículo costuma ser usado pelo vereador Valdinei Caires, principal investigado pelo sumiço da jovem.
“Eu não sei nada sobre ela e o filho dela sente falta. Eu peço a Deus para que se alguém tiver prendendo ela, que solte por causa do filho e da gente mesmo”, disse Célia Pires. Após o desaparecimento da filha, Célia ficou responsável por cuidar do neto. A criança, de acordo com a mãe de Beatriz, apesar de muita nova, tem apresentado mudanças de comportamento depois que a jovem não foi mais vista.
“Ele continua chamando pela mãe. Desde que ela desapareceu, ele não come direito, era muito apegado a mãe”, contou. De personalidade tímida, Beatriz foi descrita pela mãe como uma pessoa de “poucas palavras”. “Não comentava as coisas que falavam para ela. Ela tinha um jeitão tímido e reservado”.
Antes de desaparecer, a jovem teria comentado com a mãe que faria uma viagem com o pai do filho dela. No entanto, a família não sabe quem é o homem, já que a identidade dele nunca foi revelada por Beatriz. “Quando eu perguntava quem era [o pai do filho de 2 anos], ela dizia que não ia complicar ninguém porque a pessoa tinha muita confiança nela e ela não ia complicar. É tanto que agora que ela está grávida de seis meses, eu voltei a perguntar e ela disse que não ia complicar”, explicou.
“Aí eu falei: ‘Já que você não quer me contar quem é, me diga ao menos se é o mesmo pai?’ E ela disse que sim. Ela tinha comentado antes, que ele queria que ela fizesse um aborto desse segundo bebê, que era menino também”.
Vereador investigado
O presidente da Câmara de Barra da Estiva, Valdinei Caires, renunciou ao cargo, no dia 8 de março. Mesmo longe da presidência, o parlamentar mantém suas atividades como vereador. Segundo Valdinei Caires informou à produção da TV Sudoeste, a renúncia do cargo foi feita para não atrapalhar o andamento dos trabalhos legislativos do município.
No dia 13 de fevereiro, ao menos 10 vereadores de Barra da Estiva protocolaram na Justiça um abaixo-assinado que pedia que o presidente da Casa renunciasse. Valdinei estava afastado da Câmara de Vereadores após apresentar atestado médico de 15 dias, que expirou no dia 10 de fevereiro.
Três dias depois, ele retornou aos trabalhos da presidência da Casa. A Delegacia de Barra da Estiva não deu novas informações sobre o caso para não atrapalhar as investigações. A defesa de Valdinei Caires disse que repudia às acusações contra o cliente e que, no estado democrático de direito, todos as pessoas estão sujeitas a serem investigadas, sobretudo quem se encontra na vida pública.
Ainda segundo a defesa do vereador, o parlamentar colaborou com as investigações e nada foi demonstrado sobre envolvimento de Valdinei Caires no desaparecimento de Beatriz. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na Câmara de Vereadores de Barra da Estiva, no gabinete de Valdinei Caires. Uma CPU e o carro em que Beatriz foi vista antes de desaparecer foram apreendidos. Redação do portal g1/BA.