A BBC Londres revelou uma curiosa e macabra história na semana passada. O cadáver da secretária médica Sheila Shloane ficou dentro do apartamento em Londres durante dois anos. Os vizinhos – que sabiam, durante os dois anos, que algo de errado estava acontecendo – demonstraram indignação contra a polícia e contra a Peabody, instituição que administra o imóvel em que o caso aconteceu.
Depois de anos de denúncia, as autoridades policiais finalmente entraram no apartamento. Lá, eles encontraram um esqueleto completamente devorado e uma sobremesa aberta com validade de agosto de 2019. Shloane morreu, portanto, há cerca de dois anos e meio. Mas seu corpo ficou ali por dois anos e meio apodrecendo. Obviamente, os vizinhos perceberam.
Os moradores do mesmo andar de Sheila afirmavam que, durante meses, havia um “cheiro de morte terrível” no local e que não conseguiam dormir no apartamento. Uma mulher relatou à BBC que um dia foi trocar uma lâmpada e larvas começaram a cair do assoalho do teto, e que conviveu por meses com uma infestação de insetos em fase larval.
As autoridades e a Peabody, uma organização privada sem fins lucrativos que permite aluguel a preços populares em Londres, ignoraram todas as denúncias por dois anos. Duas pessoas compareceram ao funeral de Shloane, realizado em abril de 2022. A irmã dela, que morava na África do Sul e não chegou a conhecê-la, questionou a sociedade britânica.
“Onde estavam os vizinhos de Sheila? Onde estavam seus colegas de trabalho? Pessoas da comunidade? O dono do apartamento? Isso nunca poderia acontecer na África do Sul”, disse.
“Aqui, quando o vizinho não é visto, nem que seja por um ou dois dias, você vai ver como ele está. Nós vivemos como uma comunidade. Isso é demais. Horrível. Não entendo como alguém pode falecer e ser deixado por tanto tempo”, completou ao MyLondon. A instituição afirma que está passando por uma reestruturação e se desculpou pelo incidente.
“Temos novas formas de trabalhar para colocar as pessoas e seu bem-estar no centro de nossas operações. Isso é em parte uma mudança cultural que leva tempo, e sabemos muito bem que nossos serviços não são tão bons quanto deveriam ser. Mas estamos determinados a viver nossos valores, aprender nossas lições e melhorar continuamente para o benefício dos residentes”, afirmou a Peabody em nota.
Um porta-voz do Departamento de Habitação, Comunidades e Governo Local disse que “o trágico evento em torno da morte de Sheila Shloane ilumina os impactos totalmente devastadores dos proprietários sociais que ignoram seus inquilinos”. As informações são da Revista Fórum