O velório da cantora Rita Lee ocorreu na manhã desta quarta-feira (10) no planetário do Parque Ibirapuera, na capital paulista. As filas de fãs e admiradores para se despedir da artista, conhecida como a rainha do rock, começaram cedo. Por volta das 10h, o público começou a entrar no local onde estava o corpo da cantora. No teto do planetário, foi exibido o céu do dia em que Rita Lee nasceu, em 31 de dezembro de 1947.
A cantora foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e desde então tratava da doença. A família confirmou a morte nas redes sociais dela na terça-feira (9). Ela morreu em sua residência, em São Paulo, no final da noite de segunda-feira. “Cercada de todo amor e de sua família, como sempre desejou”, informou o comunicado da família. O velório seguiu até as 17h. Em seguida, o corpo será cremado em uma cerimônia particular, conforme desejo de Rita.
Débora Antunes, 28 anos, que é atleta, atriz e estudante de ciências sociais, também fez questão de se despedir. “A Rita compõe parte da minha identidade. Formou parte de quem eu sou. Ela foi muito importante pra mim num período da minha vida, em que eu li a autobiografia dela. Eu estava em outro país e foi um período muito desafiador. Me identifiquei muito com ela, ouvia muitas músicas e percebi que aquilo me empoderava, me dava força. Quem ela era, representava meu lado que, às vezes, eu tinha medo de ser”.
O escrevente do Judiciário, Luiz dos Reis, 57 anos, lembrou do primeiro disco de vinil que comprou. “Era o álbum Saúde. Comprei quando morava em Minas Gerais, em Sebastião do Paraíso. Era adolescente. Era uma coisa cara e rara, disco de vinil era pra poucos. Eu ouvia várias vezes, até o disco furar, acompanhando a letra no encarte”, lembra com saudosismo. Ele descreve Rita como uma multiartista que teve grande influência na sua vida. “Ela meteu umas coisas na minha cabeça. Para mim, é revolucionária, contestadora, provocadora, irreverente, politizada, um símbolo feminista”.
O Ibirapuera foi escolhido para a cerimônia de despedida por ser um local afetivo para Rita Lee, chamado por ela de “floresta encantada”. O filho da cantora João Lee retomou a mensagem postada ontem nas redes sociais em que descreve os pais como heróis. “São eles que acabam definindo quem somos. Com certeza, se você perguntar pra uma criança quem é o herói dela, você vai ter uma chance muito grande de saber quem essa criança vai ser ao longo da vida”, disse à imprensa. Ele disse ter sido um privilégio a convivência com a mãe.
“Não sei se conheci uma pessoa tão igual na minha vida, mas tive o privilégio de ter passado 43 anos com ela, aprendendo demais, recebendo os valores dela. Pra mim, vai ser eterna. Acho que pra todo mundo”. João lembrou as muitas realizações da mãe ao longo da carreira: shows, turnês, discos, cenografia, roupa.
“É uma loucura a quantidade de realizações que ela teve. Mas não é por isso que é minha heroína, é pela simplicidade, dignidade, pela honestidade, que ela vivia dia a dia, mês a mês. É uma loucura a honestidade dela, de lidar com as pessoas, entender as pessoas, a forma que tinha de se comunicar com o público, com o mundo, era uma pessoa muito única”, acrescentou. As informações são da Agência Brasil.