A feirante Raimunda Novais, de 77 anos, não deixa a idade avançada regular o seu compromisso com os clientes na feira livre do Vale do Capão (Palmeiras), na Chapada Diamantina. Raimunda trabalha há 30 anos entre a feira de Lençóis e a do Vale do Capão acompanhando de perto o processo de transformação do comércio de rua na região. A comerciante sai do município de Palmeiras todas as quintas-feiras e domingos por volta das 5h30 da manhã e vai até o Capão, onde vende suas frutas e legumes na feira livre da localidade.
Dona Raimunda revela início inusitado da feira. “Não tinha ninguém aqui. Nem tinha calçamento, era um jardim e bancos. Somente 10 anos depois de eu trabalhar sozinha que apareceu mais feirantes. Sempre trouxe verduras e frutas. A primeira vez que vim aqui eu parei três vezes. Passava mal com a altitude”, relembrou ela ao site Alô Alô Bahia. Sua experiência com feira livre começou muito cedo.
Ainda jovem ela montava sua banca em diversas regiões da Chapada Diamantina como Andaraí, Mucugê e Iraquara. Por isso, não foi difícil a professora aposentada cair nas graças dos moradores e turistas do Vale do Capão. Conhecida pelo seu bom humor e jeito carinhoso de tratar os clientes, Raimunda já se tornou uma figura inestimável para a cultura popular da região. Idolatrada, ela chegou a receber uma homenagem dos feirantes e visitantes no seu aniversário.
Como se não bastasse toda a simpatia com os clientes, a feirante ainda é conhecida como ‘protetora dos viajantes’, título recebido por acolher estrangeiros que tentam vender algo no local. Ela começou sua história nas feiras tendo como clientes apenas os donos de pousadas e Hortifruti do Vale do Capão, por isso só trabalhava aos domingos.
Porém, a medida que as vendas foram aumentando, a aposentada sentiu a necessidade de abrir a banca também nas quintas-feiras. A feirante trabalha no comércio de rua para complementar renda já que é professora aposentada e o salário não é suficiente para manter os custos diários.
Crescimento das feiras no Vale do Capão
Atualmente a feira livre do Vale do Capão é reverenciada como um dos maiores destinos turísticos da localidade. Onde há 30 anos atrás ficava apenas a barraca da aposentada, hoje centenas de nativos e turistas se reúnem para conhecer as frutas e verduras orgânicas, o pastel de palmito de jaca- uma iguaria regional- e o artesanato que conta um pouco da história da Chapada Diamantina.
“Acho ótimo [o crescimento da feira]. Ela não foi feita somente para mim, foi feita para todos. Eu agradeço as pessoas que vieram. Todos têm uma reverência a mim, que fui a pioneira desta feira”, finalizou Dona Raimunda.
Jornal da Chapada