O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou, durante entrevista ao podcast Irmãos Dias, que a liberdade de expressão garante aos comediantes que possam fazer piadas sobre o holocausto e com pessoas negras. Para o parlamentar, deve partir da própria sociedade a regulação de discursos que promovam ódio contra grupos sociais.
“A liberdade de expressão é uma discussão muito mais profunda do que as pessoas acreditam. Você tem um autor que relata que existem judeus que não são contrários a uma tese que foi feita por um estudioso que colocou o holocausto como se fosse mentiroso. Se for parar para pensar, o holocausto aconteceu, nós vamos deixar gente falar que o holocausto não aconteceu e ficar influenciando pessoas? A própria comunidade judaica deu a liberdade para esse cara falar isso, porque? Segundo ele, a liberdade de expressão é plena em uma sociedade que se autorregula, não é censurando as coisas, deixando que as coisas aconteçam e que as pessoas consigam analisar que aquilo é um absurdo”, inicia o deputado.
ATENÇÃO: o deputado federal bolsonarista, Nikolas Ferreira, citou um autor para defender tese, similar a do Monark, de que NEGAR O HOLOCAUSTO e PERMITIR UM PARTIDO NAZISTA se enquadram na "liberdade de expressão", ficando a cargo da própria sociedade decidir se aquilo é um… pic.twitter.com/gkMNQxanRj
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) July 29, 2023
Em seguida, Nikolas Ferreira cita a existência de um partido nazista nos EUA para justificar o seu posicionamento. “Nos EUA, por exemplo, tem o partido nazista, não tem relevância nenhuma. As pessoas vão olhar e falar: ‘isso é ridículo, não vou fazer parte daquilo’, mas tem também o outro lado: toda a liberdade tem o seu limite, você não tem uma liberdade de expressão para poder chegar dentro de um hospital e fazer uma piada com uma pessoa com síndrome de down, porque ali não é o ambiente e nem o local para isso”, afirma.
No entanto, em seguida o deputado defende que comediantes possam fazer piadas sobre o nazismo. “Agora, se você pagou para ir em um show, de qualquer humorista que seja e ele faz uma piada, e você tem síndrome de down, ou não tem, e está lá e a pessoa fez uma piada com síndrome de down ou nazismo, com negro, com louro, eu entendo que a piada é para não ser levada a sério, caso contrário não é piada”, afirma.
Posteriormente, Nikolas Ferreira sai em defesa de Monark, que foi demitido do Flow Podcast após defender a existência de um partido nazista. “Eu conversei com o Monark: ‘você errou de pedir desculpas’ […] você nunca pode pedir desculpas para uma plateia sedenta de sangue. Sabe o que isso quer dizer? Ele [Monark] se expressou de uma maneira burra, ele falou coisas que não devia, mas é óbvio que não dá pra comparar o Monark a um genocida. A um cara que quer matar judeu, um cara que quer matar negros. A maneira como ele colocou aquilo foi uma maneira estúpida. Quando ele pede desculpa, as pessoas que estão a favor dele e entenderam o negócio, ficam assim, ‘pô, você não precisa pedir desculpas, você está certo. Não certo pelo que você falou, mas certo pelo, ‘a minha liberdade de expressão aqui, falei errado galera'”, disse.
ATENÇÃO: o deputado federal bolsonarista, Nikolas Ferreira, citou um autor para defender tese, similar a do Monark, de que NEGAR O HOLOCAUSTO e PERMITIR UM PARTIDO NAZISTA se enquadram na "liberdade de expressão", ficando a cargo da própria sociedade decidir se aquilo é um… pic.twitter.com/gkMNQxanRj
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Janones aciona PGR contra Nikolas Ferreira
Por meio de suas redes sociais, o deputado federal André Janones (Avante-MG) afirmou que vai acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Nikolas Ferreira. Para Janones, Ferreira “relativiza o holocausto e o nazismo”.
“Estou na Itália, em missão oficial, onde cumpro agenda amanhã junto à embaixada do Brasil em Roma. Porém, diante das declarações recentes do Deputado Federal Nikolas Ferreira, onde o mesmo relativiza o holocausto e o nazismo, fiz uma pausa na agenda e me reuni hoje pela manhã com minha equipe jurídica, onde decidimos que iremos acionar a PGR e todas as instâncias do judiciário para que o mesmo responda por suas falas com o rigor da lei”, declarou André Janones.
Para Janones, “Qualquer apologia ao nazismo, ainda que disfarçada sob a manta do “direito de expressão”, deve ser punido com cassação de mandato, inelegibilidade e, a depender da gravidade do caso, com prisão!”. As informações são da Revista Fórum.