O Brasil recebeu neste sábado (20) o primeiro lote de vacinas contra a dengue para aplicação pelo Sistema Único de Saúde. O anúncio foi feito neste domingo (21) pelo Ministério da Saúde. A remessa contém 750 mil doses doadas pelo laboratório japonês Takeda.
Segundo o governo, as primeiras doses serão destinadas para adolescentes de 10 a 14 anos que moram em cidades com mais de 100 mil habitantes. A definição do público que receberá as doses leva em conta taxas de transmissão.
O número de casos de dengue nas duas primeiras semanas de 2024 foi mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram 55,8 mil casos prováveis. Seis pessoas morreram por complicações da doença.
Inicialmente, o governo afirmou que seria priorizada a vacinação de crianças e jovens entre 6 e 14 anos, mas em comunicado divulgado neste domingo o Ministério da Saúde informou que o público-alvo da primeira remessa será de indivíduos entre 10 e 14 anos.
“A faixa etária de 10 a 14 anos se encontra dentro do que recomendou a OMS e é também aquela em que ocorre o maior número de hospitalizações”, declarou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Critérios de distribuição
As vacinas chegaram ao Brasil no aeroporto de Viracopos, em Campinas, e vão passar por um controle de qualidade.
Em seguida, serão enviadas para o Ministério da Saúde, que fará a distribuição das doses para todo o Brasil.
Segundo a pasta, as vacinas serão destinadas a municípios com mais de 100 mil habitantes com alta transmissão da doença nos últimos dez anos, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.
Os critérios para distribuição foram feitos em conjunto pelo Ministério da Saúde e estados e municípios, mas a lista das cidades contempladas só será divulgada após reunião tripartite do Ministério com o conselho de secretários de saúde de estados e municípios que acontecerá em 1º de fevereiro em Brasília.
O governo brasileiro adquiriu 5,2 milhões de doses da vacina, limite estabelecido pela farmacêutica Takeda neste ano de acordo com sua possibilidade de entrega. O primeiro lote das vacinas compradas será de 570 mil doses e chegará ao país em fevereiro.
A estimativa do governo é de que cerca de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024.
Abaixo, veja as respostas para as principais dúvidas sobre o imunizante.
O que é a Qdenga e como ela age?
A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. O registro do imunizante foi aprovado pela Anvisa em março de 2023.
A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.
Quem pode se vacinar com a Qdenga?
De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Não foram feitos estudos para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com mais de 60 anos.
Além disso, podem se vacinar com a Qdenga tanto quem já teve dengue, quanto quem nunca foi infectado. Essa é a primeira vacina liberada no país para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.
Mas não podem ser imunizados com a vacina quem tem alergia a algum dos componentes, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora, ou gestantes e lactantes.
A Qdenga vai ser aplicada de graça?
Desde a aprovação pela Anvisa em março de 2023, clínicas particulares passaram a disponibilizar a vacina Qdenga para seus consumidores.
Agora, o imunizante do laboratório Takeda Pharma passa a integrar também o PNI, que reúne as vacinas aplicadas gratuitamente pelo SUS.
A Qdenga tem efeitos colaterais?
Os estudos clínicos mostraram que pode haver reações, geralmente, dentro de dois dias após a injeção. As reações registradas foram de gravidade leve a moderada e duraram de 1 a 3 dias.
Atenção: essas reações NÃO tornam o imunizante contraindicado se aplicado no público correto.
Foram relatadas com maior frequência:
Dor no local da injeção (50%);
Dor de cabeça (35%);
Dor muscular (31%);
Vermelhidão no local de injeção (27%);
Mal-estar (24%);
Fraqueza (20%); e
Febre (11%).
As reações são menos frequentes após a segunda dose da Qdenga. As informações são do g1.