A definição de um selo de sustentabilidade para o cacau produzido no sul da Bahia deve valorizar o produto e, por consequência, também elevar o valor de mercado do chocolate. A avaliação é de Gerson Marques, presidente da Associação Cacau Sul Bahia (ACSB).
O selo verde em questão é o “Cacau Cabruca”, proposto em lei pelo deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) e sancionado pelo governo federal na quarta-feira (5), ocasião em que se celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Para Marques, a certificação que reconhece os métodos usados para a produção da fruta na região terá impacto a médio e longo prazo. A expectativa é de que o produto local seja melhor posicionado nacional e internacionalmente.
“O mercado valoriza sustentabilidade, então obviamente esse posicionamento tende a ser ainda mais valorizado. (…) O chocolate se encaminha para ser um produto de luxo”, aposta o produtor.
A técnica de cabrocar
O termo “Cacau Cabruca” faz referência ao modo de extração e cultivo da fruta, com baixo impacto ao bioma de Mata Atlântica. Marques explica que a expressão é antiga e vem do verbo português “cabrocar”, entendido como furar ou penetrar sob a sombra das árvores.
“Era uma determinação de trabalho dada no passado: ‘Amanhã vocês vão cabrocar aquela floresta lá da beira do rio, depois a gente planta cacau na área cabrocada’. É tirar as árvores baixas do primeiro andar e deixar as árvores altas”, esclarece.
Regularização da lei
Com a sanção da lei, a valorização apontada por Marques não vai acontecer da noite para o dia. O produtor lembra que ainda é preciso regularizar os termos, estabelecendo as certificações e os responsáveis por avaliar se os produtos têm direito ao selo verde.
“São coisas a serem definidas, mas [a lei] sinaliza para uma questão importante, que é a própria posição do Brasil nas discussões climáticas”.
A lei em questão criou também o selo verde “Cacau Amazônia”, em reconhecimento aos métodos de produção da fruta na floresta amazônica. As duas certificações poderão ser concedidas ao cacauicultor de ambas as práticas que:
Obedecer às leis ambientais e trabalhistas vigentes;
Explorar a atividade de maneira sustentável, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área.
A concessão será feita pelo órgão federal competente, com validade de dois anos e possibilidade de renovação constante, mediante nova avaliação e vistoria. De acordo com o Senado Federal, caso o produtor de cacau descumpra os critérios que autorizam a liberação da certificação durante seu uso, o benefício será cassado. As informações são do site g1.