Cafés com torra especial com sensorial de frutas, produtores apaixonados, agricultura regenerativa, sequestro de carbono, febre de cafeterias que garimpam esses grãos de qualidade e público apreciador cada vez mais exigente. É neste cenário que volta à capital baiana a Feira Baiana de Cafés Especiais, que ocorrerá nos dias 17 e 18 de agosto, na Doca I, em Salvador. O tema desta 2ª edição é ‘Consumo, consciência e crescimento do café na Bahia’ e os organizadores prometem repetir o feito da edição do ano passado: uma imersão no universo dos cafés especiais baianos.
Este ano, a feira volta a reunir produtores, torrefadores, proprietários de cafeterias, baristas, entusiastas e consumidores apaixonados por café de qualidade. É o que garante Brenda Matos, especialista em cafés e uma das organizadoras do evento. “Quem viveu, viu o quanto foi lindo o nosso movimento. Nosso evento ocorre no 2º semestre e a expectativa é que seja um momento incrível, pois mais uma vez a ideia é fomentar a cena baiana com a segunda bebida mais consumida no mundo”, afirma.
A torra do café oficial do evento ficará, novamente, à cargo da torrefação Do Coado ao Espresso. Flávio Camargos, curador responsável, conta que os cafés que serão utilizados na II Edição da Feira Baiana de Cafés Especiais já foram selecionados: “Um café em uma pegada mais doce, com muito caramelo, um toquezinho de frutas vermelhas e acidez cítrica. Enquanto o outro é um café muito frutado, frutas amarelas que remetem caju, acidez também cítrica, um café muito gostoso, delicioso pra beber de balde nos filtrados”.
Camargos faz curadorias e diz que o Do Coado é especializado em trazer de maneira majoritária cafés da Bahia, de diversas regiões, como Barra do Choça, Chapada e Oeste baiano. “Fazemos questão desse trabalho de parceria, porque temos um feedback real e ajudamos o produtor a estar sempre se aprimorando”, revela.
Do produtor à xícara
Idimar Barreto Paes Filho é produtor de café há 35 anos e, há 6 anos, começou a produção de cafés especiais em Barra do Choça, Bahia, na Fazenda Ouro Verde. “Sou engenheiro agrônomo e, após me aposentar, resolvi mudar meu sistema de produção e me dedicar em tempo integral à produção de cafés especiais. Tenho 80 hectares (ha) de terra, sendo 40% de área de mata nativa preservada, 25 ha de café, composto por cinco variedades de café arábica: catuaí, mundo novo, acauã, bourbon e arara. Não uso agrotóxico, trabalho com produtos naturais e biológicos”, explica.
“Trabalho com lotes de cafés naturais e despolpado. Faço agricultura regenerativa, tenho cafés sombreados com grevilhas, seringueira, aroeira, pimenteira. Vendo basicamente minha produção para cafeterias e torrefações de cafés especiais. Estou desenvolvendo junto com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, um trabalho visando à quantificação de sequestro de carbono e, posteriormente, a geração de crédito. Minha esposa Ana Cristina é minha parceira em todo o projeto dos cafés especiais”, explica.
E se tem produtor especializado no ramo, é porque tem consumidores interessados neste tipo de café e a procura por cafeterias especializadas vem crescendo em todo o país. Em Salvador não é diferente. Os apaixonados por café têm cada vez mais procurado por cafés de qualidade e sair de casa para experimentar cafés virou uma tendência da capital ao interior.
“Começamos a ver um maior consumo de café de melhor qualidade, as novas gerações têm valorizado muito a bebida e estão cada vez mais exigentes. Então essa oferta tem uma razão, é ditada pelo mercado, que comanda tudo isso e os cafés especiais tornaram-se uma alternativa para o pequeno produtor principalmente”, complementa Idimar.
Um exemplo dessa tendência, em Salvador, é a cafeteria de um médico e amante de cafés especiais. Daniel Aguiar, um dos sócios-proprietários, explica que a Villa Cafeeiro possui marca própria de café, vindo direto de Ibicoara, na Chapada Diamantina. “Trabalhamos com alguns métodos de extração para coados: Aeropress, Hario V60, Prensa Francesa e também com espresso e suas variedades, com bebidas autorais inclusive. Todas as comidinhas que vendemos para acompanhar o café são de produção própria também”, afirma.
“Salvador tem uma cultura muito forte de confeitarias e casas de tortas, então quando as cafeterias chegam com cafés especiais bem selecionados e, sobretudo, trabalhados de forma correta na sua extração, as pessoas não aceitam mais tomar qualquer café. Isso gera uma exigência para que as casas trabalhem com cafés cada vez melhores, fortalecendo ainda mais o consumo de café de qualidade. Afinal, não tinha como ser diferente, moramos em uma das regiões com os melhores cafés especiais do mundo”, exalta Daniel.
A Villa Cafeeiro fica no Shopping Paseo Itaigara, tem um ambiente bem diverso com mesas tradicionais, sofá para quem quer ficar mais à vontade e bancadas com tomadas e Wi-Fi, para quem precisa trabalhar enquanto aprecia um bom café.
Sucesso na 1ª edição
A primeira edição da Feira Baiana de Cafés Especiais ocorreu em 2023 e contou com 25 expositores e recorde de público. O projeto pretende divulgar e compartilhar conhecimentos sobre a produção, preparo e consumo de cafés especiais, incentivando a transformação desse tipo de grão em parte central da cultura gastronômica da Bahia. As informações são de assessoria.