A força criativa da Bahia está em evidência na exposição internacional “Ancestral: Afro-Américas”, em cartaz no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no Centro Histórico de Salvador. O projeto, realizado em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), reúne mais de 60 artistas do Brasil e dos Estados Unidos, entre eles onze nomes baianos que representam a riqueza e a ancestralidade da arte afro-brasileira.
Entre os participantes da Bahia estão Sérgio Soarez, Mayara Ferrão, Jayme Figura, Eneida Sanches, José Adário, Mestre Didi, Rubem Valentim, Lita Cerqueira, Agnaldo Manuel dos Santos, Nádia Taquary e Emanoel Araújo. As obras desses artistas tecem uma ponte entre as heranças africanas nas Américas e o presente criativo que continua a transformar linguagens e perspectivas.
O artista plástico e pesquisador Sérgio Soarez apresenta Cristalina, uma escultura de parede feita com madeira, cristais e um jarro banhado a prata em homenagem às orixás femininas, como Yemanjá. Já Álbum de Desesquecimentos, de Mayara Ferrão, é uma série de fotografias criadas com auxílio da inteligência artificial, imaginando um Brasil colonial em que mulheres negras vivem livres e expressam seus afetos.
A artista Eneida Sanches assina, ao lado do nova-iorquino Tracy Collins, a obra Transe e Memória, que mistura gravuras e imagens em movimento. “A nossa obra retrata as experiências negras em duas partes do continente americano. Por vezes elas se reconhecem e, por vezes, divergem nas suas singularidades”, explica Eneida.
Legado e ancestralidade
A mostra também presta homenagem a grandes nomes da arte baiana já falecidos, como Jayme Figura, Mestre Didi, Agnaldo Manuel dos Santos e Rubem Valentim. Jayme é representado por duas esculturas performáticas que remetem à sua presença marcante nas ruas do Centro Histórico de Salvador, enquanto Mestre Didi tem três obras que celebram a espiritualidade e as religiões de matriz africana.
Entre os artistas internacionais, a norte-americana Simone Leigh é um dos destaques. Inspirada pela cultura baiana e pelo candomblé, ela apresenta a escultura Las Meninas, em referência à famosa pintura de Diego Velázquez, reinterpretada sob o olhar afro-feminino. Outro nome de destaque é Leroi Johnson, autor da tela A Crucificação, que retrata um Cristo negro — símbolo da representatividade e da espiritualidade da população afrodescendente.
“O Cristo, para mim, é negro. E ele pode ser, para você, branco, amarelo, vermelho. Para mim, é negro e deveria ser assim representado”, afirma Johnson.
Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida, a exposição também apresenta uma seção de arte tradicional africana, com curadoria de Renato Araújo da Silva, fortalecendo o diálogo entre tradição e contemporaneidade.
Serviço
Exposição: Ancestral: Afro-Américas
Período: 26 de setembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026
Local: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab) – Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico, Salvador-BA
Horário: Terça a domingo, das 10h às 17h (acesso até 16h30)
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); clientes do Banco do Brasil pagam meia.
Gratuidade: Quartas-feiras e domingos.
Vendas: Bilheteria do Muncab e sites museuafrobrasileiro.com.br e bb.com.br/cultura
Classificação: Livre.
Jornal da Chapada















































