A disputa pela vaga de vice na chapa majoritária, encabeçada pelo secretário do governo de Jaques Wagner, Rui Costa, ganhou novo capítulo ontem. É que o presidente nacional do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, garantiu. Segundo ele, a sigla seguirá o determinado pela executiva nacional e, caso não faça parte da chapa, continuará com o projeto para uma candidatura própria com o presidente da Assembleia Marcelo Nilo para governador. A declaração reforça a ideia de que o PDT pode romper com o governo, caso o escolhido seja o PP, que, por sua vez, diz que a escolha da vaga é uma questão de merecimento – tese defendida pelo agora ex-secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles.
Em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia, Salles, que se afastou do governo para concorrer a uma vaga na Câmara Federal, destacou a polêmica em torno da escolha da vaga de vice e afirmou que o critério de escolha é peso, densidade política e dimensão eleitoral. “O candidato do governador é do PP. Acho que é uma questão de merecimento. O partido tem grande dimensão a nível estadual e nacional”, defende o ex-secretário.
Sobre o critério, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, em contato com a reportagem, retrucou que o PP tenha a maior dimensão política. “Por que o PP tem mais dimensão do que nós? Eu quero saber primeiro qual vai ser o critério. Pode ser dos partidos aliados, que o PP tenha a vaga na chapa majoritária, pode ser por deputados federais e estaduais, o que não pode é ser imposto um nome sem nenhum critério. Então nós queremos um critério onde o candidato escolhido seja da vontade da maioria”.
Deputados não acreditam em rompimento
Porém, apesar da ameaça velada, o presidente e vice do PDT na Bahia, os deputados Félix Mendonça Jr. (federal) e Roberto Carlos (estadual) não acreditam em rompimento da base do governo caso o PP seja o indicado para compor a vice de Rui Costa. A confiança de que Marcelo Nilo será o candidato a vice é tamanha que os parlamentares pedetistas nem cogitam o racha político. Eles acreditam que a escolha é uma questão de critério e afirmaram que o partido marchará junto com o PT, até pelo fato de terem participado desde o início do governo Wagner.
“Nós acreditamos que o PDT venha a participar da chapa [majoritária] assim como o senador João Durval Carneiro, que há oito anos foi muito importante para a eleição desse grupo político que hoje está no comando da Bahia e que a gente faz parte. Esperamos que isso também seja um ponto a ser visto e que qualquer decisão demonstre os critérios para chegar ao escolhido. Não pode ser uma escolha aleatória”, pontua o deputado Félix Mendonça Jr, sem descartar a possibilidade do partido ter candidatura própria. “Na política não tem como descartar nada”.
Para o deputado estadual Roberto Carlos (PDT), que também não acredita em um rompimento do partido da base aliada, “tanto o PDT quer ficar no governo do PT, como o PT sabe da nossa importância para com o governo. Por isso eu acho que não vai ter um racha e todos nós vamos marchar juntos. Não vejo outra opinião que não seja essa. Não tem porque ele [Marcelo Nilo] não ser o vice. Não discutimos nem o plano B”.
Carlos Lupi, no entanto, faz questão de descrever a trajetória política de Marcelo Nilo, a exemplo de presidir a Assembleia Legislativa por quatro vezes consecutivas, e reiterou que se não for para formar a chapa majoritária, o PDT pode sim lançar a candidatura do deputado estadual para governo. Ele ainda lembrou que aconteceu um recuo do projeto para atender a um pedido do governador. “Se não formos contemplados na majoritária nós vamos disputar o governo do estado com Marcelo Nilo”. De acordo com Lupi, a atitude “é uma determinação nacional”. Extraído da Tribuna da Bahia.