O prefeito ACM Neto (DEM) foi prestigiar a saída do bloco Afro Ilê Aiyê na noite deste Sábado de Carnaval no Curuzu e, ao chegar à ladeira, recebeu vaias e aplausos simultâneos. Segundo os correspondentes do Bocão News, entretanto, o gestor atraiu mais apupos do que saudações.
No ano passado, a relação foi exatamente contrária. Depois de uma eleição na qual derrotou Nelson Pelegrino (PT), o prefeito vinha em céu de brigadeiro e foi muito assediado. A causa das vaias no Curuzu foi, provavelmente, o aumento de IPTU causado pelas novas regras do tributo, que colocaram a localidade como de área nobre
O líder da Oposição na Câmara de Salvador, Gilmar Santiago, aproveitou o clima de insatisfação e criticou bastante o prefeito em conversa com a reportagem Segundo ele, ao “vender” o carnaval para duas cervejarias, Neto criou mais um instrumento de segregação racial para a folia, um a mais do que os que já existem.
“O prefeito ACM Neto vendeu a cidade para duas marcas e faz com que o circuito do Campo Grande fique cada vez mais esvaziado e a Barra cada vez mais elitizada. Conta-se nas mãos o número de negros na Barra, enquanto no Campo Grande na passagem do Cortejo Afro estava vazio. A política da prefeitura é racista. Mas eu não esperava outra coisa de ACM Neto. Está no DNA dele”, emendou.
O prefeito resolveu ignorar as vaias e falou aos jornalistas sobre os esforços que o Município está fazendo para tornar Salvador uma cidade menos desigual. De acordo com Neto, é impossível tapar o sol com peneira ao falar de desigualdades entre as classes na cidade, mas existe uma série de iniciativas institucionais para tentar diminuir o impacto do problema.
“Aumentamos o orçamento destinado à Secretaria da Reparação e vamos regulamentar a lei que estabelece cotas nos concursos públicos municipais. Também vamos enviar à Câmara um projeto para transformar os terreiros de Candomblé em templos religiosos. Estamos caminhando e adotamos uma política para termos uma cidade mais igual”, listou. Extraído do Bocão News.