Foi adiado o debate que estava agendado para acontecer na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quinta-feira (29), sobre o uso de medicamentos à base de canabidiol, um dos elementos encontrados na maconha. A discussão ocorre entorno da permissividade de inclusão da droga para uso terapêutico, na lista C1 da agência, que regulamenta produtos sob controle médico. Por meio de licença judicial, 20 crianças já realizam no Brasil tratamento com o medicamento para casos de convulsões. A Anvisa informou que o debate deverá ser retomado somente em julho, após a Copa do Mundo. Até lá, O uso da “droga” no país continua proibido.
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Na última tratativa sobre o assunto, a decisão se direcionava para a reprovação da medida. Renato Porto, relator do processo, apontou que não há nenhum medicamento autorizado que contenha somente o canabidiol. Em seu depoimento, relembrou que todas as drogas produzidas pelos laboratórios trazem o THC. “A simples mudança na classificação do canabidiol seria inócua, uma vez que a importação dos produtos continuaria proibida, em razão de outros componentes”, disse Porto. Em alguns países como os Estados Unidos, o canabidiol é liberado, sendo considerado um suplemento a tratamentos de saúde, mesmo não havendo nenhuma comprovação científica. “Não estamos dizendo aqui que o canabidiol seja inútil. Mas é preciso fazer análise mais profunda”, disse o relator da Anvisa, Dirceu Barbano, ao defender que é preciso um amplo painel.
Eficácia
Há relatos no país de crianças que se trataram com o derivado da maconha e tiveram bom resultado. Um dos exemplos é o caso de Anny, uma garota, de Brasília, que, desde os três anos de idade, sofre de convulsões diárias. A mãe, Katiele, relatou em um documentário a sua luta para tratar a doença da filha. O conhecimento do tratamento foi por meio de um fórum na internet. A partir disso, passou a encomendar o medicamento não autorizado no Brasil. O pai da menina, Norberto Fischer, explica que as crises semanais diminuíram de 60 para 19 em apenas duas semanas. Após dois meses de tratamento, número de convulsões zerou.