De um lado, opiniões indignadas com a proposta em trâmite no Senado que pretende alterar a ortografia do português no Brasil. Do outro, posturas que acham que qualquer medida de “desburocratização” da língua é bem-vinda – inclusive a de mexer em mudanças gramaticais recentes e que, sequer, tiveram tempo para serem totalmente digeridas pelos brasileiros. É basicamente nestas duas linhas que se encaixam as centenas de comentários gerados na matéria publicada pela Gazeta do Povo sobre a nova ideia da Comissão de Educação do Senado de simplificar o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa. Entre demais sugestões, a medida prevê acabar com o “ç”, “ch” e “ss”, além e abolir o “H” no início de palavras e o fim da vogal “U” depois da letra “Q”, em casos como “queijo”.
Para muitos, a discussão desta proposta é indigna e representa uma falha no sistema educacional brasileiro, que não teria competência para gerir o ensino da língua portuguesa. “Esse tipo de mudança ortográfica só vai reafirmar a incompetência do nosso sistema de educação ao ensinar a maneira correta de se expressar na escrita. (…) o pessoal que reflete sobre as questões linguísticas deveria facilitar o aprendizado de quem está sendo alfabetizado e não invalidar a formação de uma população inteira”, comentou a leitora da Gazeta do Povo Karine De Oliveira Souza. O leitor Claudemir Ritter de Maria também apontou a fragilidade da educação brasileira como reflexo na criação do projeto e acrescentou a influência das redes sociais no uso da língua. “A comunicação midiática das redes sociais chegou ao Senado, fruto de uma educação onde não se pode reprovar o aluno, agora temos que nos adequar a eles”, disse.
No Facebook do jornal Gazeta do Povo, onde a matéria sobre a tramitação do projeto tinha 277 comentários até às 12h15, muitos leitores questionaram a prioridade dada à discussão, visto que, para eles, há assuntos mais relevantes a serem apreciados. “Absurdo ficar mexendo com nosso português, seria mais interessante investir tempo e dinheiro em educação”, opinou Carla Cristina Canestraro. Na brincadeira, alguns chegaram a questionar o impacto poético que a proposta poderia acarretar. Foi o caso de Ricardo Drummond de Macedo: “e como o Ney vai cantar agora “sou Homem com H”?”, disse.
Simplificação do bem
Por outro lado, há quem considere a proposta interessante. Nesse caso, muitos dos leitores a favor da nova reforma afirmam que a “evolução” representaria uma proximidade entre a língua falada e escrita, tornado prático o uso do português. “O nosso “português” é um idioma arcaico, que não prioriza a agilidade de escrita, hoje o que se prioriza é a agilidade em se passar a informação e não a forma “bela” (?) como é escrita, já foi o tempo do ócio, em que poetas (loucos?) ficavam redigindo centenas de estrofes em letras elaboradas! Viva a evolução!”, enfatizou André Silveira. Na mesma linha, o leitor Fabiano Gonzalez Fonseca felicita a ideia. “Tantas regras em um país que a língua falada tem muito pouco em comum com a língua escrita, simplificar e sempre bem-vindo”. Do jornal Gazeta do Povo.