Em cerimônia realizada no Mercado Cultural de Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, onde funcionam as secretarias de Cultura e Turismo da cidade, foi lançado, na noite desta terça-feira (2), o livro Geoparque de Morro do Chapéu, desenvolvido pela Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM). O texto – uma separata originalmente publicada em 2012, no livro Geoparques do Brasil – reedita propostas da CPRM na tentativa de garantir junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o reconhecimento das áreas de preservação do município baiano como segundo Geoparque do país. O primeiro e único, até o momento, fica localizado no município de Araripe, no Ceará.
Para o secretário do Turismo de Morro do Chapéu, Milton Pinto, o reconhecimento perante a Unesco vai colocar o município na rota turística mundial. “A gente sente que Morro do Chapéu vai mudar através do turismo, da criatividade do povo, da cultura. Com o município sendo contemplado como Geoparque, a valorização turística vai ser muito grande para a região. A cidade vai passar a ter uma visibilidade mundial imensa”, destacou.
De acordo com o geólogo da CPRM e escritor do livro, Antônio Dourado, “Morro do Chapéu, apesar de ter os atributos necessários para pleitear esse título, não está totalmente preparada. Esse título não é concedido apenas pela área ter potencial. Ele é concedido se o local está funcionando como um verdadeiro Geoparque, com geoconservação de locais de relevante interesse geológico, geoeducação e o geoturismo. Através desse livro pretendemos aproximar mais a sociedade da geologia local e mostrar para a Unesco que a proposta não é apenas técnica, mas também que interfere na sociedade e na sustentabilidade da região”.
Estudos sobre a região
O município, localizado a aproximadamente 400 km de Salvador, já é estudado há anos por estudantes e profissionais de diversas partes do mundo. Em meio a sua área de preservação, 24 pontos são registrados como Geossítios – um lugar notável para o estudo da geologia sob o ponto de vista científico, didático ou turístico.
“A importância geológica de Morro do Chapéu é muito grande. Aqui existem afloramentos de rochas sedimentares, que ao mesmo tempo que são antigas ainda preservam estruturas que contam a história da sua formação. Elas são representativas para você entender a Geologia”, explica Paulo Benevides Filho, geólogo de Manaus que veio à Bahia em caravana para participar de um treinamento em mapeamento geológico, realizado no Centro Integrado de Estudos Geológicos de Morro do Chapéu.
Os sítios geológicos registrados, que fazem parte da natureza do centro norte baiano, vão de Jacobina a Morro do Chapéu. São eles Serra da Tombador, Serra das Palmeiras, Mira Serra, Carbonatos da Fazenda Colombo, Arenito Interestratificados, Estromatólitos da Fazenda Tanque, Gruta Barrocão, Buraco do Alecrim, Escarpa na Fazenda Cristal, Cachoeira do Ferro Doido, Conglomerados, Planície de Marés, Arenito Sigmoidal, Fluidizado, Morrão, Diamictito em Lajes do Batata, Gruta dos Brejões, Fazenda Arrecife, Fonte Termal do Tareco e Empurrões em Calcissiltitos da Unidade Gabriel. Juntos, eles formam os elementos que, segundo o projeto da CPRM, podem vir a formar um Geoparque.