Ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-governador de Minas Gerais, o candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, diz que, se for eleito, terá a reforma política como prioridade. Ele defende o fim da reeleição e mandato de cinco anos para os chefes do Executivo, a manutenção da obrigatoriedade do voto e afirma que o financiamento público de campanha só será viável se houver mudança no sistema de votação.
Aécio destaca também a necessidade de “refundar” a Federação, justificando que as demandas dos municípios e dos estados demoram muito a chegar a Brasília. Segundo ele, o governo federal retirou dos municípios, apenas com desonerações em alguns setores da economia, R$ 11 bilhões nos últimos quatro anos. “É um dinheiro para atender a saúde, a segurança, a geração de emprego nesses municípios”, ressalta o candidato, que pretende “ser o presidente da República que vai governar pensando nos entes federativos e elevar os recursos para os municípios”.
Confira, abaixo, algumas das propostas do candidato, que respondeu às perguntas da Agência Brasil por e-mail:
Agência Brasil: As estimativas de inflação oficial pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para o próximo ano estão em torno de 6,2%, próximo do teto da meta. Como o senhor pretende atuar para conter o aumento de preços?
Aécio Neves: Acredito que a eleição do PSDB criará um novo ambiente de tranquilidade entre investidores e empresários que permitirá atuarmos para reduzir a inflação. Grande parte do descontrole da inflação ocorreu por causa da má gestão da política econômica do atual governo, que flexibilizou a política fiscal e tomou decisões equivocadas na infraestrutura, causando um desequilíbrio macroeconômico no Brasil. Vamos recuperar a confiança no Brasil, vamos aumentar o investimento e fazer um controle rigoroso das contas públicas. Esse conjunto de ações vai ajudar a baixar a inflação.
ABr: As reduções de impostos têm sido usadas para estimular a economia e terminam tendo impacto sobre as contas públicas. Como manter o equilíbrio nessas contas sem reverter as desonerações? Qual a sua proposta para aumentar a arrecadação sem causar impacto na inflação?
Aécio: A política de desonerações feita pelo atual governo não teve efeitos práticos porque privilegiou determinados setores da economia. E isso tem de acabar. Nós vamos retomar a previsibilidade na economia, para garantir que empresários e investidores voltem a ter confiança nas ações do governo, no desenvolvimento da economia. Isso vai trazer mais investimentos, que serão elevados e obtidos por meio de parcerias com o setor privado. Essa iniciativa, aliada ao fim da contabilidade criativa nas contas públicas, vai fortalecer a política fiscal. Com um superávit primário mais sólido, diminuiremos a demanda agregada e aliviaremos a alta dos preços. Esse é um caminho possível, e basta apenas determinação para realizar. O que não é possível é continuar tendo um crescimento pífio, menor que 1%, e estarmos na lanterna da América Latina.