Em contínua andança pelo estado, agora na busca por votos para a presidente Dilma Rousseff (PT), o governador eleito Rui Costa (PT) ainda não dá pistas de quais nomes vão integrar o seu governo, mas, aponta alguns caminhos. Em conversa com a reportagem do jornal Tribuna da Bahia, ele reiterou que não pretende tratar da gestão, enquanto não acabar o segundo turno e tirar quinze dias de descanso com a família. Segundo o futuro gestor, esse assunto deve ser articulado com “calma”. Questionado sobre como se dará a formação da equipe, ele destacou que pretende aliar duas características que os gestores costumam acompanhar. “O perfil será um misto de técnica e política. Nem um apenas, nem outro. Mas, os nomes, evidentemente, só serão ditos nos primeiros dias de dezembro. Antes disso, só o segundo turno e duas semanas, porque ninguém é de ferro”, afirmou.
Rui frisou que antes das decisões sentará com todos os partidos da base para conversar no mês de novembro. Embora o resultado da eleição presidencial seja importante, o governador enfatizou que uma vitória ou derrota “não terá impacto” na formação de seu quadro de auxiliares. “Não vai alterar em nada, de forma alguma. Tudo será decidido com muita calma e maturação em dezembro”, disse. Nos bastidores também é dado como certo que a conversa com os líderes partidários, com suas possíveis indicações, vai ajudar no organograma e na escolha dos nomes.
Como o próprio já sinalizou, há possibilidade de redução no número de secretarias e até mesmo de fusão, já que há “duplicidade de funções” que devem ser revistas. Pelas afirmações e ainda pelas conversas de quem o conhece, ele assumirá uma postura mais exigente, em relação à equipe. O ideal, conforme se especula, será casar necessidades prioritárias da gestão com o atendimento às demandas dos aliados. Oito partidos compõem a coligação que ajudaram em sua eleição, sendo PP do vice-governador eleito, João Leão, PSD, do atual vice que agora parte para o Senado, Otto Alencar, além do PDT, PCdoB, PTB, PR e PMN.
As especulações surgem quanto aos nomes que aguardam a definição de Rui e do cenário nacional, que, embora neguem, pode influenciar nas composições. Alguns não saíram com êxito das urnas e por esse motivo esperam uma suposta nomeação deles próprios, de correligionários e coligados das recentes eleições. Entre aqueles que estariam em compasso de espera é citado o ex-secretário de Comunicação do governo Jaques Wagner (PT), Robinson Almeida, que ficou na terceira suplência para a Câmara Federal. Em sua frente na coligação ficaram, na primeira suplência, o deputado federal Fernando Torres (PSD) e, na segunda, o ex-presidente da Bahia Gás, Davidson Almeida (PCdoB).
Todos investiram na campanha e se mantiveram na aliança em favor de Rui. Com 65 mil votos, Davidson disse que não pensa na conjuntura do novo governo. “Agora estamos envolvidos com a campanha de Dilma”, disse. Mas sinalizou o desejo de assumir na Câmara. “Na região sul ficamos sem representantes federais. O desempenho da majoritária em Itabuna foi baixo. Estou à disposição para contribuir no que for preciso”, afirmou. O vice-governador eleito, João Leão (PP), também reitera o posicionamento de Rui, de que agora é momento de lutar para que Dilma seja reeleita.
“Todos estamos voltados com pensamento para ela e vamos dar pra ela uma vitória estrondosa. Queremos ultrapassar os 70%. Não vamos tratar absolutamente nada disso antes da eleição de Dilma”, ressaltou. Segundo Leão, não adianta “especular”. “O governador vai sentar com todos e definir. O progressista disse que pretende ajudar nos diálogos. “Mas quem tem que definir é ele (o governador)”, frisou. A condição de presidente do PP o anima no processo. O partido elegeu quatro federais e cinco estaduais, aumentando as bancadas na Câmara e na Assembleia Legislativa.
Os petistas e aliados comungam de que a única prioridade no momento é a reeleição no plano federal para elevar os recursos e dar continuidade aos projetos na Bahia. O presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação, afirmou que não haverá nenhum tipo de reivindicação enquanto não passar o segundo turno. “Nem mesmo nos bastidores dos partidos e do governo se fala em nomes para a composição de governo”, descartou. Segundo ele, a expectativa é grande sobre a relação com os partidos a ser conduzida pelo governador eleito. “Ele disse que vai conversar com todos, e isso foi muito positivo, demonstrando que haverá transparência. Isso é bom para o governo e bom para a democracia. Nós não fizemos nenhum tipo de pleito para resolver problema de chapa, de suplência ou de composição”, disse ao ser questionado.
Ele também confia no perfil de Rui. “Ele não vai abandonar a política, mas vai ser muito focado para a gestão”, frisou. Conforme Everaldo, o clima entre todos é de “sintonia fina” para a campanha de Dilma. Líder do governo na Assembleia, o deputado Zé Neto (PT) destacou que a lógica a ser seguida até o dia 26 é de focar na eleição. “Estamos estruturando, colocando propagandas nas ruas. Esse deve ser o sentido numa campanha acirrada como essa”, disse. Extraído na íntegra da Tribuna da Bahia.