Passada a eleição da presidente Dilma Rousseff (PT), cujas atividades, até então, foram focadas na campanha do segundo turno, o governador eleito, Rui Costa (PT), começa a elucidar os novos caminhos que irá traçar no processo de mudança de comando. O primeiro passo foi dado na terça (28), através do seu perfil do Twitter, quando anunciou o atual secretário da Fazenda (Sefaz), Manoel Vitório, como o chefe da equipe de transição. Vitório, capitão do desafio, homem de confiança de Jaques Wagner (PT), é conhecido nos bastidores como “apagador de incêndios administrativos”. Foi titular da secretaria de Administração logo na primeira gestão do atual governador e foi colega de secretariado de Costa, naquele período, nas Relações Institucionais. Após a saída de Luiz Petitinga da Sefaz, cujo trabalho não agradou o petista, ele assumiu o posto.
Com formação em Economia, tido como quadro técnico importante, o secretário nunca foi filiado a partido político. Também foi diretor do antigo Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária (Ipraj). O grupo que será chefiado pelo titular da Sefaz, segundo Rui, produzirá, nos próximos meses, um projeto que avaliará e irá propor uma ampla reforma administrativa no Estado, que deverá ser enviada à Assembleia Legislativa ainda em novembro para que seja aprovada antes da posse, em janeiro próximo. “Essa proposição deve ser enviada para apreciação da AL até o dia 20 de novembro”, confirmou o político.
A ideia do recém-eleito, conforme já noticiado pelo jornal Tribuna da Bahia, é diminuir o número de secretarias e reajustar ações técnicas não feitas por seu padrinho político, que agora é sondado para partir para Brasília e assumir um ministério – Casa Civil ou Integração Nacional. “Eu fui eleito no projeto que mudou a Bahia. Pela experiência do que participei, vi o que é preciso otimizar e melhorar na gestão. As mudanças vão nos sentidos de melhorar a governança e tornar tudo mais ágil”, afirmou Rui no domingo passado.
A apresentação de toda equipe que aconteceria na terça (28), foi transferida para tarde desta quarta. A informação foi postada por Rui na mesma plataforma online em que fez o anúncio de Vitório na chefia do comitê. O ato acontecerá às 13h30, na sede da governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). A agenda de Wagner não foi compatível com a realização da reunião, com posterior conciliação de compromissos e ajuste da data, os dois caciques confirmaram suas presenças.
Outros fatos que pesarão nas discussões dos comandados das pastas versam, também, sobre os aliados políticos. Sobre tais negociações, Rui alegou, na coletiva de domingo no Palácio de Ondina, que não conversou ainda com o próprio partido sobre a formação do secretariado. “Só a partir de 15 novembro começo a conversar com os partidos. Entre 1º e 10 de dezembro eu faço anúncio do secretariado de uma só vez”, proclamou. O político ainda completou que as principais diretorias, conhecidos como cargos de segundo escalão, também poderão ser anunciados junto com os possíveis novos chefes das pastas.
Comenta-se nos bastidores que o recém-eleito não deixará pesar pressões de correligionários e já estaria afastando possíveis oferecidos que demonstram interesses de compor equipe sem antes mesmo de serem sondados ou convidados. O que se sabe é: os nomes partirão de crivo técnico e deverão ser privilegiados por barganha política. As possíveis indicações são guardadas a sete chaves sem margem para vazamentos.
Pelegrino
Enquanto os nomes não são confirmados, o meio político começa a onda de especulações quanto ao secretariado de Rui Costa. A equipe só será definida através da vontade do próprio futuro governador e do desenvolvimento da reforma administrativa que será preparado pela equipe técnica chefiada por Manoel Vitório. Porém, o nome do deputado federal Nelson Pelegrino (PT) foi ventilado, ontem, nos bastidores. Comenta-se que são dois os fatores preponderantes para a efetivação do convite: o encurtamento do caminho para entregar ao ex-secretário de Comunicação, Robinson Almeida, um mandato de deputado federal – ele ficou na terceira suplência da coligação – e a relação próxima que fora estabelecida entre Rui e Pelegrino.
Nos momentos mais duros da campanha, principalmente os que indicavam, nas pesquisas, a terceira colocação de Costa na disputa, o deputado federal esteve ao seu lado e fez uma campanha efusiva na capital. Outro ponto de destaque diz respeito a possível posição de Pelegrino no governo, pois o cacique petista pode, quem sabe, ganhar fôlego para a disputa pela prefeitura de Salvador, no ano de 2016. Além de Pelegrino, cuja votação diminuiu entre 2010 e 2014, nomes como o do deputado federal Valmir Assunção (PT), do vereador soteropolitano Gilmar Santiago (PT) e do próprio governador Wagner foram especulados para a corrida pelo Palácio Thomé de Souza. Outra que, nesta semana, se colocou apto para o páreo foi o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PT). Da Tribuna da Bahia.